Sem jornalismo não há democracia
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“Se me fosse deixado decidir se deveríamos ter um governo sem jornais ou jornais sem um governo, não hesitaria um momento em preferir o último.” A reflexão do antigo presidente americano Thomas Jefferson, embora seja um eco do passado, ressoa fortemente no presente, especialmente à luz dos recentes acontecimentos em Portugal, onde o empobrecimento do jornalismo de qualidade tem sido uma preocupante realidade.
Recentemente, testemunhamos um momento histórico com o JN, um dos mais antigos e respeitados jornais de Portugal que, pela primeira vez na sua história - 136 anos - não se publicou dois dias consecutivos.
Também primeira vez em 35 anos, o JN não chegou às bancas, resultado de uma greve dos trabalhadores em resposta a um anunciado despedimento coletivo que pende sobre os seus trabalhadores.
Esta greve, com uma adesão próxima de 100%, não foi apenas um ato de protesto contra as demissões, mas também um símbolo da luta pela preservação da qualidade e integridade no jornalismo.
O jornalismo de qualidade é essencial para a manutenção de uma sociedade informada e uma democracia saudável. É um guardião contra os excessos do poder e um fórum para o debate público.
A greve no JN é um lembrete pungente de que o jornalismo não é apenas uma profissão; é um pilar essencial da democracia. Sem ele, perdemos mais do que apenas uma fonte de notícias; perdemos um elemento vital que contribui para a saúde e o bem-estar de nossa sociedade.
Como Jefferson valorizava a presença de jornais até mesmo acima de um governo, devemos reconhecer e valorizar o papel insubstituível que um jornalismo forte e independente desempenha na nossa sociedade.
A crise enfrentada pelo JN é uma chamada à ação para todos nós, que ainda valorizamos a informação confiável, a análise profunda e o debate saudável.