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Será que Peter Navarro, ideólogo da guerra tarifária encetada pelos EUA, é mesmo pior que um saco de tijolos, como disse, em abril, Elon Musk, agora desavindo com a Administração de Donald Trump? Se Navarro não é assim tão obtuso, então a maioria dos economistas acabará por meter a viola no saco (de tijolos?) e dedicar-se a outra profissão.
A imposição de uma tarifa de 30% sobre a União Europeia (UE) e o México, a partir de agosto, é mais um capítulo do conto quase infantil de Trump, que repete “ad nauseum” que os países A, B ou C têm sido muito maus para os EUA, gerando défices comerciais ao nível das mercadorias (nos serviços ocorre o inverso). Parece quase uma queixinha feita aos encarregados de educação, depois de uma escaramuça na escola com algum colega.
O que vários economistas têm tentado explicar é relativamente simples, mesmo que estejam errados. Paul Krugman, por exemplo, defende que o défice comercial é o resultado de os EUA terem oportunidades de investimento mais atrativas do que os seus parceiros comerciais. Há empresas portuguesas, brasileiras, entre outras, que apostam naquele mercado porque a rentabilidade do investimento ali é superior a outras geografias. Os economistas Charles Yuji Horioka e Nicholas Ford argumentam que, embora o défice possa afetar a indústria dos EUA, esse facto inelutável não prejudica a economia como um todo. O mercado dos EUA tem um alto poder aquisitivo e, por isso, suscita o interesse por parte de quem lhes quer vender bens. O americano comum vai sofrer na pele a cegueira do seu líder. Tudo ficará mais caro e a economia cairá. Os défices comerciais também, mas a que custo? Essa é a pergunta cuja resposta vale muito mais do que um milhão de dólares.