Esperança e otimismo. Em inglês devo confessar que soa melhor ainda. "Hopetimism" é o tema central da primeira grande feira profissional pós-pandemia que começou ontem em Munique com a participação de mais de 300 expositores europeus, incluindo duas dezenas de coleções e amostras portuguesas de várias matérias-primas têxteis.
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É engraçado porque acabei de escrever "pós-pandemia", que é o que toda a gene escreve quando se quer referir a iniciativas ou acontecimentos que se retomaram depois do início da era covid-19.
Na verdade, o que se deveria escrever para ser mais rigoroso era época "pós-início de pandemia". Se bem que a assunção do conceito pós-pandemia, embora não seja suficiente para acabar com ela de vez, ajuda-nos a ter consciência que depois do choque inicial a coabitação com ela é uma realidade a que temos de nos habituar. Não se assustem as almas mais sensíveis que não estou a aqui a querer dizer que já não se passa nada, que já ficou tudo bem ou que podemos voltar a viver em todos os momentos e todos os locais como vivíamos antes. Trata-se de ser responsável em todos os sentidos: tanto na observação das medidas de contenção e de contingência, como também de perceber que a vida continua como pode. Como sempre se diz no mundo do espetáculo, "The show must go on".
É exatamente isso que estou aqui em Munique a testemunhar desde ontem e até amanhã, apoiando como posso as empresas têxteis portuguesas que também sabem bem que o show tem de continuar. Como é evidente e ninguém esperava outra coisa, para além desta Fabric Days da Munich Fabric Start ter muito menos expositores do que era habitual em edições anteriores, também o afluxo de compradores pelo menos neste primeiro dia não configurou igualmente as enchentes tradicionais. Mesmo assim, não encontrei em nenhum dos empresários portugueses com quem falei o mais pequeno sinal de arrependimento em relação à decisão que tomaram. Alguns, devo dizer até a maioria, estão agradavelmente surpreendidos com as visitas e contactos que já tiveram, mas os que tiveram os stands menos concorridos também continuam firmes na opinião de que desde que exista feira é preciso marcar presença. Com otimismo e esperança.
É curioso que sendo os alemães mais conhecidos pela sua frieza foram os primeiros a dar o pontapé de saída nestas grandes feiras, montando um show em que as irrepreensíveis condições de segurança se combinam harmoniosamente com um forte apelo às emoções da vida.
Empresário