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O plano medieval de Giorgia Meloni para os migrantes conheceu a primeira derrota, sem que isso signifique que tenha desistido de empacotar pessoas indesejáveis em solo albanês. Contrariando a ambição de altos responsáveis da União Europeia, com a presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, à cabeça, os tribunais italianos funcionaram e os migrantes do Bangladesh e do Egito voltaram a Itália. A ideia do Governo de Roma é transferir quem entra ilegalmente no país para um centro de retenção na Albânia. E Meloni está disposta a pagar milhões de euros para manter os que fogem à guerra e à fome à distância. O dinheiro absorvido pela higienização xenófoba, na perspetiva dos extremistas, será sempre bem gasto.
Num quadro de guerra iminentemente global, a fuga à morte, à destruição e à fome é legítima e coloca grandes desafios à Europa. Que deve ter uma política comum e decente, porque na verdade também precisa destas pessoas. Importa explicar que nem todos se vergam ao processo de legitimação da extrema-direita patrocinado por Von der Leyen. Os governos espanhol e alemão, por exemplo, ergueram a voz noutro sentido, criticando a falta de ética e de eficácia do plano da italiana e recusando-se a participar numa cimeira sobre migrações organizada por Meloni.
Da posição de Portugal pouco se sabe. Ou sabe-se apenas que temos um problema gigante para resolver, devido às dificuldades que a AIMA enfrenta para dar conta do recado. Por sorte, na recente visita a Bruxelas, Luís Montenegro só foi questionado sobre o IRS jovem, cuja aplicação corre lindamente, na perspetiva de outros líderes europeus, mesmo antes de o Orçamento ser aprovado na Assembleia da República.