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Billie Eilish, que fala sobre a sua sexualidade sem tabus, assistia a muita pornografia online. Começou a fazê-lo aos 11 anos e, quando iniciou a sua atividade sexual, não sabia dizer “não”. A superestrela achava que tinha de se sentir atraída por “essas coisas”.
Durante uma entrevista no “Howard Stern Show”, em 2021, a cantora admitiu que a sua saúde mental foi afetada por ter visto aquele tipo de vídeos enquanto criança. “Sinto-me incrivelmente devastada. Incrivelmente triste”, confessou.
A discussão sobre os mecanismos de verificação da idade dos utilizadores que acedem a sites porno, mas também a outras plataformas, como redes sociais, é já antiga. É claro que nenhuma delas monitoriza as restrições com eficácia. Muito menos respeitam as legislações nacionais que estabelecem limites. Portanto, casos como o de Billie Eilish multiplicam-se e a própria PJ já avisou que há rapazes e raparigas portugueses, entre os 12 e os 16 anos, a venderem conteúdos sexuais autoproduzidos. Na terça-feira, uma reportagem da agência Reuters divulgou 30 queixas sobre abuso sexual infantil no site OnlyFans entre dezembro de 2019 e o mês passado. A plataforma jura que o seu espaço é seguro.
O Governo espanhol criou esta semana um cartão para aceder a sites para adultos. Basicamente, trata-se de uma app que permite aos utilizadores provarem que têm mais de 18 anos. Cada cartão terá um saldo com 30 acessos anónimos válidos por 30 dias. Por ser limitada geograficamente (só funciona em Espanha), não terá impacto nas grandes plataformas e será facilmente contornável, por exemplo, com um acesso via VPN.
Apesar da garantia de que os dados pessoais serão anónimos, ter um Estado a desenvolver uma app que sabe o que os cidadãos estão a fazer é muito perigoso. Da privacidade dos dados pessoais à segurança, as consequências podem ser graves e antidemocráticas. E não resolve o problema.