Um momento de viragem para o livro?
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O recente texto do secretário de Estado da Cultura, Alberto Santos, sobre o futuro do livro em Portugal pode ser mais do que uma análise situacional.
Há muito tempo, o setor editorial vive entre a nostalgia de tempos áureos e a angústia de um presente que exige reinvenção. Mas, e se, em vez de lamentarmos a perda de leitores e o enfraquecimento das livrarias, olharmos para este momento como uma oportunidade de transformar o livro num elemento central da economia criativa digital?
É preciso criar parcerias estratégicas que façam o livro circular através da cidadania que existe na língua, das plataformas digitais até à produção audiovisual.
No entanto, ainda falta uma resposta estruturada sobre como conectar a tradição do livro impresso à realidade digital sem comprometer a sustentabilidade do setor.
O problema não é a falta de leitores, mas a fragmentação dos hábitos de leitura. O livro não deixou de ser consumido - ele apenas disputa atenção com formatos novos e ágeis. O modelo de leitura mudou, e a resposta não pode ser apenas restaurativa.
Se o Estado quer realmente impulsionar a leitura, deve olhar para políticas que transformem bibliotecas em centros de criação cultural, para incentivos que estimulem novos modelos de negócios no setor editorial, para a renovada demografia do país e para parcerias estratégicas que façam o livro circular por novos caminhos desmaterializados, desde a consciência de cidadania da língua, passando pelas plataformas digitais até à produção audiovisual.
O atual Governo de Portugal já está de passagem, mas seria importante que alguns responsáveis políticos pudessem continuar o bom pensamento e trabalho que alguns estão a executar.