Já sei que nestes dias o nosso bom povo português anda todo preocupado em apurar tudo o que há para saber sobre covid e infetados, vacinas e datas previstas para a sua distribuição, recolher obrigatório e suas exceções. Tenho confiança que como é costume e é seu timbre, o nosso JN dedicará várias páginas na sua edição de hoje a esclarecer e informar os leitores sobre tudo isto. Espero por isso que os estimados leitores me absolvam de eu voltar a optar por um tema que mais do que pós-covid é covid free.
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No início desta semana tivemos uma boa notícia e é de boas notícias que estamos todos muito carecidos. Bem, boa notícia para muita gente que não para o próprio, porque a boa notícia por incrível que pareça é a de uma condenação em tribunal.
Na verdade, o gerente de um restaurante de Braga foi condenado pelo Tribunal da Relação de Guimarães a pagar uma multa de 4000 euros por ter vendido gato por lebre, sendo que no caso em apreço o gato era carne alemã e a lebre a tão procurada posta barrosã. Gostava de esclarecer que sou cliente de vários restaurantes de Braga e arredores, onde nunca me senti enganado e de onde sempre o meu palato e estômago saíram muito bem aviados. Quero acreditar, sem referir nomes, que nenhum destes que eu conheço e onde já passei momentos de glória gastronómica, é o restaurante a que pertence o gerente agora condenado.
Como se podia ler na sentença o crime era vender um produto vulgar, não certificado, como carne barrosã, que é um produto certificado. Seguramente que não esteve aqui em causa a aptidão do bife alemão para o consumo do público e até é imaginável que existam consumidores que em termos de carne fresca prefiram as alemãs às portuguesas. O que está aqui em causa e o tribunal condenou é de certa forma a "prostituição" da origem barrosã da carne, enganando com isso os consumidores. Incluindo os que não preferindo o bife alemão, podem ter ficado com uma má impressão da qualidade da posta barrosã.
Se nos últimos anos já todos sabemos que a gastronomia genuinamente portuguesa é um dos trunfos mais apetecidos pelos turistas que nos visitam, eu diria que esta condenação e a sua divulgação só podem prestar um bom serviço à carne barrosã, à nossa restauração e à nossa economia.
Por falar em notícias positivas para este setor, que tem sido dos mais atingidos pela crise instalada, remato a crónica de hoje com um louvor especial à Câmara de Matosinhos que decidiu financiar os custos logísticos de transporte para estimular o takeaway dos milhares de restaurantes do seu tecido económico nos próximos fins de semana de grande recolhimento.
*Empresário