A dança de cadeiras não constava na ordem de trabalhos do Congresso do Partido Socialista - António Costa esmagou nas eleições de junho passado e ocupará o lugar de secretário-geral, pelo menos, até 2023 -, mas na mesa nobre, em Portimão, estiveram estrategicamente sentados quatro aspirantes ao cargo: Ana Catarina Mendes, Mariana Vieira da Silva, Fernando Medina e Pedro Nuno Santos.
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Uma ideia interessante, atendendo à necessidade de passar uma imagem de unidade, tão característica dos partidos do poder. O que os quatro contemplados com lugares VIP estariam longe de imaginar era o aparecimento de um quinto elemento, graças a uma curta declaração de António Costa.
Os responsáveis do PS fartaram-se de sublinhar, durante o fim de semana, que a discussão sobre uma alternativa é desnecessária, apontado mesmo à Comunicação Social a responsabilidade pela colocação do tema na agenda, mas foi o primeiro-ministro quem alimentou a questão, na resposta a uma pergunta do "Observador": "Sim, [Marta Temido] pode ser sucessora. Daqui a dois anos, já tem tempo de militância suficiente para concorrer a líder do PS".
Politicamente hábil como poucos, é improvável que António Costa tenha medido mal as palavras. E se essa não era a intenção, o ponto passa a ser de não retorno. Marta Temido integra, a partir de agora, a "short list" de potenciais sucessores, apresentando-se como obstáculo sério aos outros quatro, se não for dentro de dois anos (Costa ainda não disse se será candidato), seguramente no ciclo seguinte.
O Congresso encerrou com Ana Catarina Mendes e Mariana Vieira da Silva sorridentes, Fernando Medina em campanha para as autárquicas e Pedro Nuno Santos tão silencioso como quando entrou, mas, mesmo sem sinais de desconforto, todos sabem que levam de Portimão concorrência de peso na bagagem.
*Chefe de Redação