Proponho uma equação muito complicada, na linha daquela que é preciso resolver quando em cima da mesa está a decisão de deixar cair um banco falido.
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A questão de fundo é perceber como seria Portugal sem a TAP. O país não mudaria de nome, não perderia a soberania, nem os portugueses a nacionalidade. Até aqui, nada de especial.
Seria um problema grave para os 15 mil trabalhadores da empresa, assim como para quem depende da transportadora aérea nacional para se deslocar. Em relação aos primeiros, sofreriam no imediato, mas provavelmente, com a recuperação da atividade económica e a normalização do turismo, acabariam por integrar-se noutras empresas do setor, não sendo sequer abusivo pensar que seriam ativos importantes para quem ficasse com os cacos deste gigante consumidor de dinheiros públicos. Quanto aos clientes da companhia, acabariam por encontrar outras soluções, eventualmente melhores, seguramente mais económicas. Como muitos já fazem, de resto.
Se quisermos ser ainda mais simplistas, mas mesmo assim assertivos, podemos sempre pensar que o fim da TAP permitiria a um país já economicamente estrangulado pela pandemia aplicar 1,2 mil milhões de euros noutra coisa qualquer que não fosse uma empresa com tiques centralistas, que reabre a operação com voos em barda a partir de Lisboa e deixa o resto dos portugueses literalmente a ver passar os aviões.
Bruxelas autorizou ontem o Governo de António Costa a resgatar a companhia. Mas o mais importante - as contrapartidas da ajuda estatal - ainda não é conhecido, o que nos deixa com a pulga atrás da orelha. Se não a todos, pelo menos aos que não gostam de ver os impostos que lhes são cobrados contribuírem apenas para a felicidade e desenvolvimento de cidadãos e empresas confinados em 3000 km2, a área da Área Metropolitana Lisboa.
Editor-executivo