Pode ser que o mundo ainda não esteja perdido. Era esta a minha outra sugestão de título, porque a tal "andorinha" que eu encontrei esta semana no aeroporto Francisco Sá Carneiro foi esta esperança que me transmitiu.
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Já tinha obrigação de saber que uma andorinha não faz a primavera. Seja como for e reconfirmando o meu otimismo, quero crer mais incorrigível do que irritante, gosto sempre de pensar que quando aparece uma andorinha já podemos começar a sonhar com a primavera.
Esta semana tive de viajar entre o Porto e Lisboa a bordo de aviões da TAP dois dias seguidos. Esclareço já que não são os aviões da TAP e seus atrasos que me provocaram o encontro com a andorinha do título.
Vamos aos factos, para podermos chegar à andorinha. Na passada quarta-feira cheguei ao aeroporto do Porto vindo de Lisboa por volta das 20.30 horas, apesar de ter entrado para o avião em Lisboa ainda antes das 17 horas. Mas esse atraso, lá está, agora não interessa nada. O que interessa para esta crónica é que a essa hora a que cheguei, recordo que já passava das 20 horas, ainda pude ir comprar os jornais do dia à loja que estava aberta no piso de saída do aeroporto. Comprados os jornais, rumei ao doce lar de onde voltei a sair para o aeroporto às 7 horas da manhã seguinte. Já depois de passar as formalidades alfandegárias e securitárias, fui desta vez à loja próxima das portas de embarque para comprar os jornais. A menina que me atendeu nesta manhã de quinta perguntou-me se para além dos jornais que eu lhe entregara não estaria interessado em comprar também a "Visão" e a "Sábado" que tinham saído nesse dia. Eu respondi-lhe que sim, mas quis saber porque é que ela se tinha lembrado de fazer essa sugestão. Foi então que ela esclareceu, e confesso que não tinha reparado, que tinha sido ela a atender-me na noite anterior na tal loja exterior do aeroporto e que se lembrava que eu tinha perguntado se essas revistas que lá estavam eram novas ou da semana anterior.
Nestes tempos em que a tendência atual do quiet quitting reza que hoje em dia as pessoas tendem a trabalhar o menos possível e nunca mais tempo do que o seu rigoroso horário de trabalho, é reconfortante poder encontrar uma jovem trabalhadora como a que me atendeu no aeroporto. Não só é de espantar que estando ao serviço depois das 20 horas num dia estivesse já a trabalhar pouco depois das 8 horas da manhã do dia seguinte, como é de louvar a atitude de chamar a atenção para as revistas que eu podia querer. Revelando um espírito empreendedor e uma atitude de trabalho proativa que vai completamente ao arrepio do tal quiet quitting que parece instalar-se com força em cada dia que passa.
Posso ter tido só um encontro fortuito com esta "andorinha". Mas também pode ser um sinal de que o mundo ainda não está perdido.
Empresário