Corpo do artigo
O que não falta são vozes céticas ou negacionistas sobre as alterações climáticas, mas cada novo dado científico vai no sentido de que estamos pior. Em 2023, Portugal viveu o segundo ano mais quente da sua série histórica. Só 2022 foi mais quente do que o ano passado. Mesmo assim, foi o sexto verão mais quente dos últimos 93 anos e as previsões para 2024 seguem o mesmo caminho.
A verdade é que o aumento das temperaturas será uma tendência constante em todo o planeta, que só se agravará nas próximas décadas se as emissões de gases com efeito de estufa não forem reduzidas radical e globalmente. Dada a complexidade deste desafio, Portugal deve preparar-se para que os cidadãos possam enfrentar ondas de calor que serão cada vez mais intensas e duradouras.
Daí que o Ministério da Saúde tenha que continuamente ativar planos de contingência para o calor face aos crescentes riscos climáticos que afetam todas as áreas da vida dos cidadãos. A proliferação de problemas respiratórios e cardiovasculares e alergias ou o aparecimento de doenças típicas das latitudes tropicais são alguns dos efeitos da crise climática.
Na Europa, a mortalidade relacionada com o calor cresceu quase 30% nos últimos 20 anos. O Serviço de Alterações Climáticas Copernicus da Comissão Europeia já afirmou que espera um verão em que as temperaturas estarão acima ou muito acima do normal.
Entre a próxima quinta-feira e domingo, a Europa realizará aquelas que serão provavelmente as eleições mais importantes da sua história e espera-se que a nova Comissão Europeia que surgir do ato eleitoral continue com a preocupação de diminuir as emissões num continente que está a aquecer duas vezes mais que a média mundial. A visão de curto prazo da extrema-direita, negacionista em relação a esta matéria, significa brincar com a vida dos europeus, porque tal assunto não é uma questão ideológica, é uma questão de sobrevivência.