Corpo do artigo
Explicaram-me de 10 maneiras diferentes que não é impossível André Ventura ser já primeiro-ministro. E não gosto de nenhuma.
1. Os partidos grandes não perceberam que estão a ficar pequenos.
2. Os líderes dos partidos grandes vivem numa bolha feita de intrincadas cumplicidades onde os interesses táticos do presente não os deixam ver como é o país e as pessoas.
3. Esses partidos grandes estão obsoletos do ponto de vista de organização, captação, marketing e manutenção dos “clientes”. Na era da inteligência artificial, são verdadeiras máquinas a vapor.
4. Os partidos tradicionais, independente do seu tamanho, comportam-se da mesma forma que os partidos grandes. Ou se perdem na luta interna pelo poder ou, pior, preferem acreditar em sombras ideológicas que já não mobilizam a sociedade. São apenas clientelares.
5. Os novos partidos “moderados”, Iniciativa liberal e PAN, mesmo com boas ideias de mudança, parecem oportunistas da política porque não têm sequer a ambição de governar. Nenhum diz que quer ser primeiro-ministro.
6. O povo está farto de se sentir desiludido com a política e, se antes não havia alternativa e a abstenção crescia na imbecilidade do voto útil, hoje alguém a reclama com convicção.
7. Nas danças do folclore pré-eleitoral, quase ninguém se dá ao trabalho de disfarçar que o que importa é assegurar uma vantagem, não apresentar uma causa.
8. Se se instalar a ideia de que uma mudança radical pode acontecer, ela vai acontecer. É a lei de Murphy, estúpidos. Trump e Bolsonaro são a demonstração dessa tese e seu corolário.
9. Instala-se a ideia de que, no atual estado de coisas, essa vitória radical pode ser até um mal necessário.
10. As empresas de sondagens em Portugal não dizem o que o povo pensa. Querem ajudar o povo a pensar. Isso é muito perigoso porque o povo não é burro.
10 de março está aí. Bom ano novo para todos.