Valter Hugo MãeGeorge FloydA indignação que sentimos pelo assassinato de George Floyd é também culpa.
Valter Hugo MãeLição de imprensaA extensa matéria de Miguel Carvalho na revista "Visão", em torno da figura abjeta de André Ventura e seu partido torpe, é mais do que a necessária colocação dos pontos nos is acerca de uma usurpação do princípio democrático, é também uma demonstração de como a imprensa se tem permitido incluir na normalidade aquilo que devia ser denunciado desde o início como aberrante.
Valter Hugo MãeCidadania impuraQuem morre agora vai num espanto de solidão. Junta-nos tristes e a medo em funerais bizarros onde recusámos abraços e cobrimos as bocas mascaradas de nenhuma expressão.
Valter Hugo MãeA poética pandémicaHá uma espécie de poética pandémica, um discurso levantado do vocabulário que subitamente se inventou ou colocou a uso, e que vai procurando dar sentido a tanto que começámos por não saber explicar.
Valter Hugo MãeA TAP de LisboaA TAP não confirma os dados que têm sido debatidos e que apontam para a manutenção de mais de 70 rotas a partir do Aeroporto de Lisboa e de apenas três a partir do Porto.PS/Porto acha "discriminatória" redução dos voos da TAP no Aeroporto Francisco Sá Carneiro
Valter Hugo MãeProibição da austeridadeUm ponto-chave no sucesso da "geringonça", e do "milagre económico" de Mário Centeno, esteve no fim do discurso da culpabilização do cidadão comum e da adoção de uma imediata retórica de confiança que alavancou a coragem e determinação de todos. Essa braveza que investe no elogio do povo, ainda que em determinadas situações seja claro exagero, é uma valentia governativa que opera pelo encorajamento ao invés de investir na destruição da autoestima, criando cisões entre os pares, insistindo na ideia de que merecemos todo o mal que nos acontece.
Valter Hugo Mãe25 de Abril em casaA Revolução de 25 de Abril é o aniversário mais importante do Portugal moderno. Nenhuma construção política e social consegue almejar a justiça possível se não partir do pressuposto democrático.
Valter Hugo MãeA mais importante PáscoaA raiz etimológica da palavra Páscoa é imprecisa, contudo ela deverá referir-se ao êxodo dos hebreus, liderados por Moisés na fuga do Egito a caminho de Canaã.
Valter Hugo MãeAo contrário de Ramalho EanesÉ perigosa a maneira como ecoa nas redes a entrevista de Ramalho Eanes à RTP, essa comoção generalizada por declarar: "Nós, os velhos, já passámos por isto e temos de dar o exemplo. Se chegarmos ao hospital temos de ceder o ventilador ao homem que tem mulher e filhos".
Valter Hugo MãeDentro e fora da ameaçaO isolamento social a que estamos votados é claramente algo que sentimos que nos acontece paredes abaixo e acima, como uma relação intensa que estabelecemos mais do que nunca com a configuração de nossos espaços íntimos.
Valter Hugo MãeO vírus ao NortePreocupa-me que o Grande Porto vá com o dobro dos casos positivos que se verificam na Grande Lisboa e que o Governo ainda não tenha assinalado preocupação particular com o assunto, não anunciando, até agora, quaisquer medidas para dotar os hospitais da região de condições redobradas para combate da pandemia.
Valter Hugo MãeA sociedade da repetiçãoQue razão poderá existir para que não nos consigamos avisar uns aos outros? O que terá feito com que tudo quanto vimos acontecer na China não nos avisasse? Mesmo que tenhamos uma sobra de portugalidade por ali, em Macau, e Macau tanto nos quis ensinar, o que leva a que não consigamos conceber o que nos relatam e nos mostram?
Valter Hugo MãeLiderança diante do medoNão está informado quem não quer ou não tem de todo condições intelectuais para aceder à informação. Dito isto, julgo que o que todos esperam, mesmo os ironistas de serviço, os jovens da borga ou os que anseiam pela ruína do Mundo, é uma liderança robusta, inequívoca, que se abata sobre tudo e todos com rigor e efeitos imediatos.
Valter Hugo MãeO vírus de SepúlvedaOs escritores estiveram de quarentena. Acaba hoje para os que poderão ter contactado com Luis Sepúlveda no último dia das brilhantes Correntes d"Escritas. Não foi anunciado nenhum contágio.
Valter Hugo MãeO império da ConstituiçãoA Constituição é de aplicação direta. Quer dizer, ela faz-se valer em todas as situações como um código essencial, sem requisição de qualquer formalidade para ser uma imposição entre todos. Isto significa que cada um de nós está imediatamente protegido pelos preceitos constitucionais, mas significa também que cada um de nós está obrigado à sua observação. Por mais críticos que possamos ser, não podemos desadequar a nossa conduta aos seus preceitos. Não há opinião que valha contra cumprir ou não cumprir os mandos da Constituição.
Valter Hugo MãeFutebol por guerraTodos exigimos um genuíno Estado de direito, pautado pela lisura legal, garantia de paridade e segurança. No entanto, a todo o tempo, encontramos no coletivo a reclamação de espaços de certa anarquia, quero dizer, no sentido pejorativo.
Valter Hugo MãeViolência no namoroSão demolidores os dados apresentados na sexta-feira pela UMAR (União de Mulheres Alternativa e Resposta) acerca da violência no namoro. 67% dos jovens que inquiriram consideram normal que suceda, e cerca de 58% afirmam já ter sido vítima. Claro que vamos continuar a especular acerca da economia mas, de alguma maneira, se não cuidarmos disto não há muita razão para mais nada. Toleramos uma patológica versão da sociedade: a desumana.
Valter Hugo MãeA eutanásiaEstá à porta a discussão e provável aprovação da despenalização da eutanásia em Portugal e eu não sinto folia nenhuma no facto e não julgo que seja de celebração fácil.
Valter Hugo MãeCoronavírus e PortugalA admirável atitude de Armindo Peixoto, proprietário da Armipex, resvala na inexplicável passividade das autoridades de saúde. Avisadas, não houve qualquer instrução nem sequer a devolução de alguma chamada. Nada. Com cerca de 90 trabalhadores, a fábrica teve absolutamente nenhum auxílio, senão o normal envio de uma ambulância que, num impasse, reteve o italiano durante cerca de 4 horas sem dar entrada num hospital.
Valter Hugo MãeDignificar os povos negrosPensar que o racismo acabou quando se aboliu a escravidão, ou pensar que com a abolição se sanaram, de um só gesto, os problemas dos povos negros, é mais do que ingenuidade, é uma leviana demissão.
Valter Hugo MãeNovas democraciasO gesto insano de Roberto Alvim, fugaz responsável pela Secretaria Especial de Cultura do Brasil, não podia deixar de resultar na imediata demissão. No entanto, o descontrolo da sua tentativa de oficializar o nazismo como doutrina do Governo em exercício não deixa de revelar a grotesca intenção medrando no país e no Mundo. O Mundo já não se entende. Quando as simpatias nazis acontecem, o absurdo é a nova normalidade e qualquer tentativa de razão pode tornar-se uma forma de violência.
Valter Hugo MãeO climaPor esta altura já muitos terão a impressão de que a jovem Greta Thunberg é das poucas pessoas adultas do planeta. Com tanta desdita sobre a sua pessoa, quem ainda não entendeu a desgraça australiana precisa de regressar à infância e educar-se outra vez.
Valter Hugo MãeChamada para a guerraQuando Trump assassina Qassem Soleimani está a convidar para a guerra e a começar a campanha para a sua reeleição a 3 de novembro próximo. As elites de Direita refulgem com a hipótese da guerra, grande jogo financeiro que sempre serviu para recapitalizar os bancos e as fortunas tradicionais. O povo, absolutamente nas mãos destas prepotências, ansiará por segurança, enquanto seus filhos serão debitados na convicção de estarem a defender a pátria e a piedadezinha do Deus cristão.
Valter Hugo MãeBom 2020Costumava ficar melancólico com o fim do ano. Sentia como se perdesse da mão alguém. Passava o tempo igual a perder pessoas, companhia, as coisas acumuladas. Mudei.
Valter Hugo MãeDar nomes à chuvaÍamos de galochas para a escola e lamentávamos os guarda-chuvas que perigavam no vento. Raros de nós tinham impermeáveis, chegávamos a deitar mão de sacos de plástico mas, à entrada da escola primária, ensopados, éramos um só lamento e a normalidade absoluta.