"Para muitos isto foi uma competição, mas para nós foi um sonho". Este é o "espírito" da Escolíadas, um concurso cultural escolar cuja finalíssima decorreu, anteontem à noite, no Velódromo Nacional de Sangalhos, Anadia, explicado por uma aluna aos 3000 espectadores, que lotaram o recinto.
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Mais que o primeiro lugar, arrecadado pela Secundária D. Dinis, de Coimbra, aos professores e alunos importa subir ao palco e participar na festa. Por isso, a contestação do público às pontuações do júri não arrefeceu o entusiasmo dos "artistas", os 400 jovens das Secundárias D. Dinis, Dr. Jaime Magalhães Lima (Esgueira), Colégio de Albergaria-a-Velha e Secundária Homem Cristo (Aveiro) que, após terem sido apurados entre 20 escolas concorrentes, chegaram à finalíssima da 21ª edição.
Anteontem e madrugada de ontem (competição terminou perto das duas da manhã), ao longo de três horas, todos exibiram provas de teatro, dança e música, pintura, perguntas de cultura geral e claques, demonstrando uma "qualidade e empenho" que mereceu rasgados elogios da organização e júri. Mas, foi a reflexão acerca da "inevitabilidade do tempo e a condição humana" que distinguiu a "D. Dinis", participante há 19 anos. Para Mariana Sá que, aos 18 anos, se estreou como apresentadora da Secundária D. Dinis, mais que o prémio, fica a "aprendizagem proporcionada pelo concurso. Fiz amigos, aprendi a lidar com as pessoas e com o sentimento de justiça e injustiça".
Dinheiro perturba concurso
Daniel Almeida e Humberto Valente, ex-aluno e docente, respectivamente, do Colégio de Albergaria (2º lugar), garantem, a uma só voz, que "houve uma entrega grande de todos. É esta união que nos tem permitido chegar longe". Íris Rocha, professora da Homem Cristo (3º lugar), diz que "ganhar é bom, mas ganha-se mais pelo caminho que se faz e a aprendizagem que isto proporciona". Também Jorge Correia, professor em Esgueira, estava satisfeito com o 4º lugar.
As Escolíadas são apoiadas pelos Ministérios da Educação e da Cultura, Instituto Português da Juventude (IPJ), diversas autarquias e outras entidades mas, ano após ano, a sua continuidade é posta em causa devido a dificuldades financeiras. Anteontem, elementos da Direcção Regional de Educação do Centro e do IPJ voltaram a elogiar o concurso, mas não consubstanciaram apoio financeiro para 2011.
Cláudio Pires, mentor do projecto, continua a lutar pela sua "sustentabilidade" e quis diversificar. Este ano houve competições no Centro Cultural de Ílhavo, Quinta dos Três Pinheiros na Mealhada e no Velódromo de Sangalhos e também uma grande profusão de meios técnicos, incentivos e oportunidades que, de outra forma, "não estariam ao alcance dos alunos" e não lhes permitiriam desenvolver competências. A única certeza é que "os miúdos brilharam melhor que muitos profissionais" e a qualidade é incontestável. A gala de entrega de prémios decorre hoje, pelas 22 horas, no Centro Cultural de Ílhavo.