Arroz de Sarrabulho de Ponte de Lima já é "Especialidade Tradicional Garantida" em Portugal
O Arroz de Sarrabulho à moda de Ponte de Lima foi, esta quarta-feira, reconhecido como Especialidade Tradicional Garantida (ETG) em Portugal.
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A aprovação nacional do registo da denominação "Arroz de Sarrabulho à moda de Ponte de Lima, Especialidade Tradicional Garantida (ETG)", foi publicada esta quarta-feira em Diário da República. O pedido foi apresentado pela Confraria Gastronómica do Sarrabulho à Moda de Ponte de Lima e submetido à aprovação da Comissão Europeia (CE) em julho de 2023. Após mais este passo no processo de certificação, está agora pendente de aprovação final também a nível europeu. O que, segundo Nuno Brito, da Escola Superior Agrária (ESA) de Ponte de Lima, responsável pela coordenação técnica do caderno de especificações entregue à CE, deverá “acontecer a qualquer momento".
“Esta publicação não é mais que o reconhecimento nacional de que o Arroz de Sarrabulho à moda de Ponte de Lima, é um prato já protegido sob o ponto de vista da nossa legislação. Em Portugal já está protegido”, declarou Nuno Brito, adiantando que, entretanto, a iguaria “está no bom caminho” para a obtenção do reconhecimento na Europa.
Este responsável considera que, após concretização deste objetivo, o prato poderá tornar-se ainda mais um ícone para o turismo de Ponte de Lima. “Temos estudos que dizem que, em locais onde os produtos são protegidos, têm um incremento de valorização da ordem dos 20 a 25% do ponto de vista do turismo gastronómico. Portanto, o impacto é grande” , comentou, referindo, por outro lado, que a ETG garantirá a preservação “da autenticidade e tradição do produto e da receita”. Em Portugal, apenas a “Sopa da Pedra de Almeirim” está assim registada, desde 2022.
Atração turística
O arroz de sarrabulho há muito que se tornou atração turística em Ponte de Lima.
Trata-se de um prato à base de carnes de vaca, porco e galinha desfiadas, em arroz enriquecido com sangue do porco liquefeito com vinagre ou limão e vinho, e temperado com cominhos. E que é servido, com rojões de carne de porco, à parte, acompanhados com tripa branca, chouriça verde, belouras (espécie de pão frito feito de farinha de milho e trigo, com sangue, gordura e especiarias), bucho, fígado, coração, pulmões e sangue fritos. E ainda batatas [e há quem acrescente castanhas], alouradas.
De acordo com o caderno de especificações submetido à Comissão Europeia, o “Arroz de Sarrabulho à moda de Ponte de Lima” iniciou o seu caminho na restauração "no início do século XX pela mão de uma famosa cozinheira, Clara Penha, e afirmou-se nas ementas diárias pela mão de uma sobrinha, Belozinda Penha Varela, herdeira ciosa dos seus saberes e fiel perpetradora deste prato único”.
Aquele documento que descreve e argumenta a favor do registo do prato como ETG, indica ainda que daquela “família do Arroz de Sarrabulho”, proveem "numerosas cozinheiras, que ainda hoje perpetuam nos seus afamados restaurantes”.