O edil adverte a administração do Centro Hospitalar do Nordeste (CHN) que, caso essa decisão venha a ser tomada, avança para tribunal, denunciando que está a ser violado o protocolo assinado, há três anos, entre o Município e o Ministério da Saúde.
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Apesar de ter ficado satisfeito com a revelação da administração do CHN de que o serviço de cirurgia de ambulatório de Mirandela teve uma das maiores taxas de aumento de cirurgias em todo o país, o presidente do Município deixou um recado: "esta aposta não pode servir de desculpa para depois encerrar a urgência médico-cirúrgica", afirmou o edil, alegando ter algumas indicações de profissionais de saúde que receiam o fecho daquela unidade já a partir de Julho.
"Ambulatório sim, mas conciliada com as cinco especialidades definidas no Decreto-Lei para funcionar a urgência médico-cirúrgica, como ficou estabelecido no protocolo entre o Ministério da Saúde e o Município de Mirandela", adverte o autarca social-democrata, referindo-se ao documento assinado, há três anos, que previa a manutenção da urgência médico-cirúrgica até que a região ficasse dotada de acessibilidades, nomeadamente a auto-estrada transmontana.
Foi, na altura, a estratégia encontrada depois da comissão técnica de acompanhamento da reorganização das urgências ter sugerido para uma desclassificação do serviço de urgência do hospital de Mirandela para unidade básica.
O autarca avisa já que, caso deixe de funcionar em permanência a urgência médico-cirúrgica, "avançamos para tribunal com a impugnação dessa medida para denunciarmos a responsabilidade criminal do Ministério da Saúde", diz José Silvano.
Confrontado com este aviso, o presidente da administração do CHN diz entender as preocupações do autarca, porque "está de fora e pode pensar que potenciar determinado sector pode querer dizer que estamos a descurar os outros, mas não é esse o nosso objectivo", garante Henrique Capelas.
"Temos duas urgências deste tipo" (Bragança e Mirandela) e "temos de as manter", apesar de considerar que "uma seria mais que suficiente" para uma população de 140 mil habitantes.
"O problema é que estamos a falar de uma população dispersa por seis mil quilómetros quadrados, implicando uma densidade populacional extremamente baixa e com fracas acessibilidades. Por isso, vamos ter de manter as duas urgências abertas e não há que ter qualquer receio", conclui.
"Ter três hospitais, como acontecia até 2005, era condená-los ao fracasso. Não teriam hipótese de sobrevivência", assegura. A criação do CHN "permitiu ganhar massa crítica e dimensão, tendo como consequência directa o aumento da atractividade, que vai ter resultados práticos em breve com a entrada de mais cinco médicos", afirma Henrique Capelas.