Uma mulher deu à luz, cerca das 13.30 horas, no interior de uma ambulância, num posto de abastecimento de Aljustrel, quando se dirigia para Évora, a 100 quilómetros de distância, devido à indisponibilidade de obstetras na Urgência de Beja.
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A pequena Vita veio ao Mundo com auxílio dos bombeiros de Aljustrel e do pessoal da ambulância SIV (suporte imediato de vida) de Castro Verde, que foi acionada para o local. A bebé e a mãe estão bem e foram depois conduzidas para Beja.
Até meio da tarde de domingo este caso é o que melhor reflete o constrangimento causado pela falta de médicos no Serviço de Urgência (SU) de Ginecologia/ Obstetrícia do hospital de Beja, que obrigou algumas grávidas a recorrerem ao hospital de Évora, que fica a 85 quilómetros.
Desde as oito horas de ontem e até às oito de hoje, as grávidas tiveram de recorrer, pelos próprios meios, aos serviços do Hospital do Espírito Santo, em Évora.
A indisponibilidade dos especialistas foi tornada pública às 22.23 horas de sábado, através de um comunicado do Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Beja, que dava conta da informação veiculada pelo Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (ULSBA), presidido por Conceição Margalha.
Em causa está o facto de a ULSBA não ter conseguido nomear um segundo médico de Obstetrícia/Ginecologia para o Serviço de Urgência, que funciona no 5.º piso do Hospital José Joaquim Fernandes, em Beja, o que determinou a inviabilização do atendimento das parturientes.
De acordo com o comunicado divulgado pelo CDOS, a ULSBA, procederia "à transferência das utentes que recorram ao Serviço de Urgência de Obstetrícia", não podendo ontem ser aceites as inscrições das mulheres grávidas, nem fazer-se quaisquer pré-atendimentos (triagem) para determinar o seu estado de saúde.
Imperativo de força maior
Questionado pelo JN, o Conselho de Administração da ULSBA alegou que a situação "decorreu de um imperativo de força maior" e afiançou que foram "esgotados todos os esforços no sentido de garantir a presença do segundo especialista". A resposta, em comunicado, acrescenta que o CA se viu na "indesejada contingência de proceder ao referido encerramento".
A administração da unidade hospitalar ressalvou, no entanto, que, durante o fim de semana, "as situações emergentes" seriam "objeto de atendimento pela equipa multidisciplinar que constitui o Serviço de Urgência".
Tal como em anteriores situações, foi comunicado às mulheres e respetiva família que teriam de recorrer pelos seus meios a outras unidades hospitalares, sendo a mais próxima a maternidade do hospital de Évora. Como outras opções, as parturientes poderiam ainda recorrer a Setúbal (145 km), ou Faro (150 km).
Esta foi a quarta vez em que esta situação se verificou no Hospital José Joaquim Fernandes, depois de o mesmo ter ocorrido nos fins de semana de 5 e 6 de janeiro, 2 de março e 12 de abril. Nessas ocasiões, ocorreu a mesma situação, que por vezes foi "remediada de forma intermitente" durante algumas horas.
Os bombeiros de Aljustrel já viram nascer este ano três bebés, antes da chegada à maternidade. Num deles, nem chegaram a intervir, porque a mãe teve a criança à porta do quartel. Nos outros dois, os partos foram assistidos por elementos da corporação.
PSD/Portimão contesta fecho de maternidade
O PSD/Portimão manifestou-se preocupado pelo encerramento temporário da maternidade do hospital de Portimão, lamentando que, numa altura do ano em que a ocupação aumenta, existam sinais de rutura em áreas essenciais dos cuidados de saúde no Algarve. Em comunicado, os sociais-democratas consideram que o encerramento até amanhã da maternidade do hospital de Portimão, devido à falta de médicos pediatras, "afeta não só residentes, como os turistas que, já desde esta semana, optaram por passar miniférias na região.