Conservatório Calouste Gulbenkian é a melhor escola pública no ranking do JN.
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A própria arquitetura do edifício, que tem um mural com cores garridas na fachada e um extenso jardim a toda a volta, onde há até um espelho de água, deixa antever que aquela não é uma escola convencional. O piano colocado à entrada comprova-o, da mesma forma que os tons musicais a ecoar nos corredores dão as boas-vindas ao Conservatório de Música Calouste Gulbenkian de Braga. A escola artística bracarense é o estabelecimento público de ensino mais bem posicionado no ranking do JN, na 8.ª posição.
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Professora no conservatório há 37 anos, cuja direção lidera há 12, Ana Maria Caldeira assume que a classificação é "motivo de satisfação", embora se apresse a virar o foco para outros aspetos, como o "grande espírito de comunidade existente" ou o facto de "há muitos anos não haver retenções". "Não trabalhamos, de forma alguma, para os rankings. Orgulhamo-nos de termos alunos que entram cá no 1.º ano e só saem no final do Secundário e, acima de tudo, de não deixarmos ninguém para trás. Essa é a nossa grande bandeira", garante ao JN.
Ana Maria Caldeira sublinha que há no conservatório um "ambiente saudável" que "favorece as aprendizagens e o sucesso escolar", com exigência, mas sem fomentar uma competitividade que obrigue a que "todos os alunos andem atrás dos 20" valores. "Os pais procuram-nos porque somos uma escola pública, gratuita, que oferece garantias de bom ensino e de todo um equilíbrio emocional que é essencial para que as crianças cresçam, sejam felizes e aprendam", diz a diretora.
Escola versátil
Essa é, aliás, uma ideia partilhada por Sérgio Silva, aluno do 12.º ano, que há cinco anos está matriculado no conservatório, onde tem conseguido obter "bons resultados" na vertente musical e na formação geral. "Esta escola é muito particular e diferente, porque a música está muito presente em tudo aquilo que fazemos", refere o estudante.
Filipa Pereira, também do 12.º ano, destaca a "versatilidade" dos professores. Nas aulas de Português, por exemplo, é habitual estudar textos a partir de versões musicais ou compor alguma obra baseada em poemas que estão a ser trabalhados. "Isso é algo que influencia positivamente os nossos resultados", entende a aluna.
Sobre a exigência, Sérgio assegura que são os próprios alunos a colocar "muito rigor" no trabalho diário, algo que a música ajuda, porque "permite elevar os níveis de concentração". "Temos de manter uma regularidade muito grande para conseguirmos os melhores lugares nas orquestras, o que se reflete nas disciplinas gerais. A escola não nos prepara para que sejamos máquinas, mas leva-nos para fora da nossa zona de conforto", garante.