Para a família Monteiro, é tudo simples: em 2010 o agregado cresceu, era preciso casa maior, comprou-se ao sogro a casa contígua à que habitavam, na Rua da Capela, no Covelo, zona rural de Gondomar, fizeram-se obras e a família mudou-se.
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Começaram aqui as complicações: o casal invocou o art. 5 do Regulamento Municipal de Urbanização (obras de escassa relevância) e não pediu licença à Câmara. As obras seriam embargadas, em 2011: além da conservação e remodelação, que a família admite, teria sido ampliação, que o casal nega.
O caso avoluma-se: depois de embargar a obra, a Câmara presidida por Valentim Loureiro fez seguir o processo para o Tribunal de Gondomar, que o apreciou e arquivou em janeiro passado.
Se já estava intrincado, o processo enreda-se ainda mais porque agora colide com outro: a necessidade de alargamento da via pública municipal. E é aqui se tudo se torna ainda mais difícil de resolver - porque a casa, que é centenária, está agora desalinhada com o resto das habitações. E, segundo o plano camarário, terá que ceder 1,5 metros de espaço útil para o planeado alargamento da via.
"Não pode ser!", diz a indignada família Monteiro, "se nos comem 1,5 metros de casa ela vem abaixo porque ali é uma parede estrutural". E propõe outra solução, que diz ser óbvia: "Do outro lado da rua há terreno. Porque não deixar as casas em paz e alargar a via por esse lado? Até podem fazer a rua a direito".
Além disso, os Monteiro veem o caso doutra forma: "Se querem deitar a casa abaixo, então procedam à expropriação e indemnizem-nos".
Manuel Carneiro, da Gestão Urbanística de Gondomar, tem entendimento distinto: "A casa está em local de 'estrangulamento', sem passeios. O corte no prédio representa apenas 10% da área de implantação do mesmo - e não a sua demolição", disse ao JN, em resposta escrita. E concluiu: "Se for apresentado aditamento que cumpra com os alinhamentos definidos para o local, a construção será licenciada".
Valentim Loureiro também já se pronunciou: "Fui ao local, falei com as partes, disse que ia mandar rever o processo e mandei. Mas - diz o autarca de Gondomar - não posso tomar decisões ilegais. Tenho boa vontade, mas essa só vai até aos limites da lei. Se a Câmara não cumprir, eu é que levo com o processo".
Caixas da PT incomodam
Naquele local, Largo Luís Lobo, há três caixas da PT que incomodam Ernestina Sousa, que mora ali. "É um zumbido forte, aflige muito, não se pode dormir". A trasladação das caixas para outro lado do largo está autorizada há meio ano, mas tarda a ser executada...
Largo dos Chães sem rampas
No cimo da Rua da Capela, no Largo dos Chães, há outro problema, denuncia a moradora Benvinda Santos: "Há três anos arranjaram o passeio mas esqueceram-se de repor as rampas para garagens"...