"Paula", uma das meninas do Centro de Acolhimento Temporário Casa do Sol, da ASAS, em Santo Tirso, revela, num texto escrito por si, como tem sido viver na instituição em tempos de pandemia de covid-19.
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"Numa instituição nem sempre é fácil viver, quanto mais lidar com este tipo de situações.
Neste tempo, mais do que nunca, existem as saudades apertadas da família que só podemos ver por videochamada e até dos amigos que antes estavam sempre connosco. Mas o pior são mesmo as saudades de atos de carinho, como beijos e abraços, porque com o resto a tecnologia até ajuda.
É sempre uma correria para lá e para cá. Educadores e auxiliares sempre atarefados a tratar de fazer cumprir as regras: lavou as mãos direito, está suficientemente afastado do colega, mediu a temperatura. E claro como podemos imaginar é complicado fazer 11 jovens, no nosso caso, cumprir estas orientações fornecidas pela DGS, se todos não colaborarem. Para não falar que mais difícil ainda é fazer atividades para nos entreter a todos ou até mesmo orientar a nossa rotina escolar. Por isso é que todos nos ajudamos mutuamente e tentamos ter mais paciência e tolerar certas coisas.
Compreendemos que aqui dentro não estamos tão mal, que estamos fechados numa bolha e que numa situação deplorável estão as pessoas que têm que sair de suas casas para trabalhar, as pessoas infetadas, as pessoas que perderam família ou amigos que foram infetados, aqueles que estão à espera de fazerem o teste e rezam para que dê negativo e claro os profissionais de saúde, que pior que não descansarem, têm o terrível risco de contraírem este vírus.
Por isso, mais uma vez, se puderem permaneçam em casa, conversem com alguém de confiança sobre os vossos sentimentos e, por favor, sejam solidários, porque neste tempo ninguém está bem, neste tempo as nossas dores são as dos nossos vizinhos. E é como dizem: a união faz a força".
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