O lar de idosos que há cerca de dois anos funcionava ilegalmente na Rua de Baguim, em Alfena, Valongo, foi encerrado pelo Instituto da Segurança Social na tarde desta segunda-feira.
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Viviam lá 14 pessoas, que, ao fim do dia, ainda estavam a ser levadas para casa de familiares ou para instituições.
"Deficientes condições de instalação, funcionamento, salubridade, higiene e manifesta degradação dos cuidados de saúde prestados aos idosos" foram os motivos que levaram ao encerramento urgente do lar, segundo um comunicado oficial enviado ao JN.
A Segurança Social foi chamada a intervir na sequência de uma operação iniciada às 7 horas da manhã pelo Núcleo de Investigação e de Apoio a Vítimas Específicas, um departamento da Secção de Investigação Criminal da GNR do Porto. Também estiveram no local especialistas do Instituto de Medicina Legal e da Autoridade de Saúde de Maia/Valongo.
Ao fim da tarde, ainda só tinha sido possível tirar do local três idosos, o que fazia prever que a operação terminaria já de noite. O lar funcionava numa moradia e era gerido por uma mulher que já tinha tido outro lar ilegal em S. Mamede de Infesta, Matosinhos.
António Ferreira, oficial de Relações Públicas do Comando Territorial da GNR do Porto, referiu aos jornalistas que a intervenção teve por base "algumas denúncias", o que levou o Ministério Público a atuar. Acrescentou que a GNR deu cumprimento a dois mandados de busca e, mediante as provas recolhidas, a proprietária do lar poderá ter de responder em tribunal "pelo crime de maus tratos". Cabe agora ao Ministério Público decidir se há matéria para deduzir acusação.
O mesmo responsável, que classificou a situação como de "melindre", disse ainda que, dos 14 idosos que viviam no lar, "dois estavam acamados e três apresentavam grande dificuldade de locomoção". Também confirmou que o lar "não tem licença para existir como lar".
Maria Moreira trabalhou no lar durante 15 dias. "E chegou", referiu-nos categoricamente. Então, explicou: "Não gostava das condições que tinham aqui dentro para os velhinhos". Além de ter conhecimento de que havia "pessoas cheias de comichão", Maria disse-nos que os utentes não eram bem alimentados.