Ficou acertada em 75 mil pipas a quantidade de mosto a transformar em vinho do Porto nesta vindima, adiantou António Filipe, presidente da Associação das Empresas de Vinho do Porto. A decisão foi tomada esta sexta-feira, no Peso da Régua, numa reunião entre várias entidades ligadas ao setor.
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“Partimos de valores bastante diferentes, de 68 mil, era a proposta, mas foi possível, felizmente, encontrar um consenso e digo, com satisfação, que a decisão foi por unanimidade”, indicou o responsável ao JN, sublinhando “que é um valor de compromisso”. Em três anos, o Douro deixou de ganhar 41 milhões de euros por causa dos cortes no mosto, sendo 15 milhões serão perdidos este ano.
No ano passado, o Conselho Interprofissional do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (IVDP) fixou o valor do benefício nas 90 mil pipas (550 litros cada), menos 14 mil do que em 2023 (104 mil pipas). A proposta da produção era manter, pelo menos, as 90 mil pipas do ano passado. “Todos temos de ceder um pouco, considerando as dificuldades que a região passa. Teremos de tentar aliviar as dificuldades para o futuro e encontrar soluções. Foi isso que hoje tentamos fazer”, indicou António Filipe.
A última reunião tinha sido marcada para 27 de junho, porém, nessa altura, não se chegou a um consenso sobre a quantidade de mosto que cada produtor pode transformar em vinho do Porto na vindima de 2025, uma importante fonte de receita na Região Demarcada do Douro.
Retração mundial
O aumento do benefício é uma das principais reivindicações que vão ser apresentadas pelos produtores de vinho e associações. “Há 15 dias, conseguimos consensualizar no sentido de os vitivinicultores serem apoiados para as uvas excedentes que não encontram interesse por parte de quem vinifica e estamos de acordo com essa medida. Falámos em conjunto com o ministro da Agricultura e estamos disponíveis para continuar a trabalhar em conjunto para medidas no curto prazo, mas, sobretudo, no médio e longo prazo que permitam corrigir o desequilibro entre a oferta e a procura na Região Demarcada do Douro”, esclareceu o dirigente associativo.
O valor do benefício tem diminuído todos os anos, o que, segundo António Filipe, se deve à retração do mercado mundial, com as vendas a cair 30%. “Claro que isso tem de ter consequências para a quantidade de uvas compradas na região. Isso é consequência do funcionamento do mercado”, afirmou, sublinhando que o consenso encontrado “é também bom para dar um sinal ao governo de que estamos unidos no propósito de encontrar um consenso para a região”.