<p>Eram irmãos, tinham o mesmo nome (José Felgueiras) e já morreram. A situação é propícia a enganos e foi o que aconteceu. Ana Gonçalves Brito, viúva de um deles, ficou com as contas penhoradas por uma dívida que não fez.</p>
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"Não posso pagar o que não é meu", diz a mulher de 66 anos, re ferindo-se a uma dívida à EDP, de cerca de 966 euros, referente a um período compreendido entre Abril de 2003 e Março de 2004, debitada ao marido, que morreu há três anos, tendo, por isso, ficado com as duas contas bancárias penhoradas.
Ana Brito sempre viveu com José Felgueiras no lugar de Choças, freguesia de Alvora. A dívida, segundo a documentação, diz respeito a uma propriedade em Aboim das Choças, que seria do irmão do seu marido - o tal com o mesmo nome - mas que morreu há cerca de 30 anos.
"Somos família, mas eu nunca lá vivi", garantiu a mulher. "Enganaram-se, seguramente, pois eu tenho pago sempre as contas à EDP", disse Ana Gonçalves Brito, referindo que a "morada da dívida é uma, mas a cobrança é feita noutra", na sua residência. "Naquele tempo, em pequenos, ficaram os dois com o mesmo nome assente no registo civil e, ainda por cima, vieram a ter moradas com o termo Choças em comum, o que, se calhar, ajudou ainda mais à confusão", narra a queixosa.
Perante a situação, Ana Gonçalves Brito apresentou uma reclamação à EDP, na sexta-feira, no sentido de o erro ser corrigido e para que a empresa intercedesse para o cancelamento da penhora da conta: "É que o dinheiro faz-me imensa falta e eu não posso mexer nas minhas contas". Perante a reclamação, a queixosa afirma que lhe terão dito que iriam verificar "o que se estava a passar".
Ana Gonçalves Brito espera que a situação se resolva o mais rápido possível, pois está a sofrer consequências da situação: "Ia agora a França com o meu filho para ser operada à anca, e já não me vai ser possível. Vai ele e eu fico". Por isso mesmo, pondera a hipótese de avançar com "outras acções", caso a situação não se resolva de forma célere. "Só queria que isto ficasse tratado, para eu poder ter descanso", disse, ainda.
A EDP confirmou a recepção da queixa e explicou, ao JN, que Ana Brito terá de apresentar as certidões de óbito dos dois irmãos para, a partir delas, a empresa concluir, ou não, sobre o engano.