A praia da Baía viajou no tempo, ontem à tarde, e com ela foram 120 pessoas que encarnaram algumas das figuras que faziam de Espinho a mais concorrida estância balnear do Norte.
Corpo do artigo
Os primeiros a chegar à praia foram os lavradores, com as suas mantas coloridas, gigas de verga recheadas de pataniscas de bacalhau, rojões, broa e azeitonas, e um bando de crianças barulhentas, felizes por finalmente ter chegado o dia de borga depois do fim das vindimas.
Seguiram-se os fidalgos, muito aprumados. Elas, em vestidos de passeio, penteadas à última moda e de sombrinhas; eles de fato de fazenda escura, colete e chapéu. Claramente separados uns dos outros, fidalgos e "vilões" aproveitam o dia de praia animado ora por um teatro de robertos, ora por bailarinas espanholas e ainda por contorcionistas.
E por lá andam também as peixeiras, os vendedores ambulantes, pintores e até um fotógrafo. E o banheiro, figura fundamental para quem veio a banhos por indicação do médico e precisa de ajuda para mergulhar por não saber nadar.
Era assim, a praia de Espinho, há 100 anos atrás e ontem também. Cerca de 120 pessoas de várias colectividades do concelho, desde ranchos folclóricos, uma companhia de teatro e até clubes desportivos, participaram na iniciativa "Vir a banhos", da Divisão de Acção Cultural da Câmara de Espinho, um evento que é levado a cabo de dois em dois anos. "Uma espécie de aula de história viva", nas palavras de Idalina Sousa, coordenadora do evento. E fundamental, na opinião de alguns como Ana Francisca Almeida, de 79 anos, que, explicou, "vai sendo tempo dos mais novos saberem como era Espinho, a gente chique que por cá passava". "Muitas pessoas estreavam roupa para vir a Espinho, fosse para passear na Avenida, fosse para vir à praia", contou.