Excluindo Porto, Lisboa e Coimbra, Guimarães tem o serviço de Neonatologia de hospitais não centrais que mais bebés prematuros trata. No ano passado, por lá passaram 230 recém-nascidos, alguns nascidos ali e outros em Famalicão, Santo Tirso, Barcelos e Viana.
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Em 2009, estiveram internados no Serviço de Neonatologia do Centro Hospitalar do Alto Ave (CHAA) 230 recém- nascidos com necessidades específicas de cuidados neonatais. "A experiência que temos no Hospital de Guimarães demonstra que vale a pena investir nos bebés prematuros", disse o médico Sousa Carvalho, responsável pelo Serviço de Neonatologia daquela unidade.
Hoje, o hospital celebra o Dia da Prematuridade. Depois dos hospitais centrais de Lisboa, Porto e Coimbra, Guimarães é a unidade onde nascem e para onde são transferidos mais bebés nascidos antes da 37ª semana de gravidez. O hospital de Guimarães dispõe de cuidados neonatais há cerca de 20 anos.
Actualmente, conta com perto de 30 camas para bebés especiais que, por terem pressa de nascer, também precisam de cuidados especiais.
A atenção dada os prematuros levou já Paulo Silva, enfermeiro daquele serviço, a criar o sítio na internet (www.serprematuro.com) para a partilha de informações e experiências entre os pais dos bebés. O hospital criou também a "Afonsinhos e Mafaldinhas", uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) para ajudar as famílias mais carenciadas com oferta de roupas, camas e cadeirinhas de transporte.
Para celebrar o Dia da Prematuridade, os irmãos dos bebés nascidos "antes do tempo" são convidados a desenhar a forma como viram um prematuro chegar à sua família.
"Não é fácil para uma família acolher um bebé que exige cuidados especiais, que precisa de permanecer no hospital e que quase sempre tem patologias próprias" de uma criança que não se desenvolveu totalmente dentro da barriga da mãe, frisou ainda o clínico.
No ano passado, na maternidade de Guimarães nasceram 55 bebés com menos de 32 semanas de gestação e menos de 1500 gramas de peso. "O organismo está imaturo tendo, por vezes, que ser ventilado artificialmente e alimentado nas veias", salientou Sousa Carvalho. E quanto mais pequeno, em peso e gestação, for o recém-nascido, maior é o perigo de contrair doenças e de ficar com sequelas para toda a vida.
"Foi um choque ver o meu filho. Vê-lo com tantos fios, com uma sonda, com oxigénio, dentro de uma caixa de vidro e com os olhos tapados", recordou a mãe de Francisco, nascido em Setembro de 2007, com 38 cêntimetros de comprimento e 1,270 gramas de peso. "Sinceramente, não consegui ficar feliz quando o vi. Só pensava se o bebé ia sobreviver e que consequências poderiam advir da sua prematuridade", disse a mãe do menino que cresceu e que vive sem problemas de saúde.
A sobrevivência dos bebés prematuros é uma grande fonte de preocupação para médicos e familiares. Em 2009, quatro bebés não conseguiram sobreviver após um nascimento muito precoce. "É cada vez mais raro mas, às vezes, acontece", comenta o médico responsável pela Neonatologia. O maior problema é a maturidade pulmonar e a ventilação acaba por ser a "salvação" de muitos bebés. "Eles são muito fortes, muito resistentes e os avanços da Medicina, quer do ponto de vista técnico, quer do conhecimento científico, permitem que bebés cada vez mais prematuros consigam sobreviver", finalizou Sousa Carvalho.