Moradores, familiares e desconhecidos enfrentaram os incêndios junto às habitações.
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Em Aldeia de Santa Teresa, Freixianda e Ramalhais, no concelho de Ourém, a população conseguiu impedir que as chamas alcançassem as casas, com a ajuda de baldes e de mangueiras. Mas não teve tempo para evitar que o fogo consumisse uma habitação, onde residia um idoso, com dois filhos deficientes, que foram acolhidos por um amigo. Ninguém ficou ferido.
"Parecia o fim do Mundo", assegura José Serafim, 61 anos, morador em Aldeia de Santa Teresa. Quando se apercebeu do incêndio, as chamas estavam a 50 metros de casa. "Ficámos em pânico. A desorientação era tal, que ninguém sabia o que fazer". Uma fagulha entrou-lhe em casa e um colchão começou a arder.
Depois de extinguir o fogo com uma mangueira, atacou as chamas que invadiram os quintais. "A erva seca foi um rastilho", conta José Serafim. Entretanto, as labaredas entraram pelo buraco de uma parede do curral, pelo que abriu as portas para as cabras fugirem. "Quatro foram em direção ao fogo e morreram, e duas ficaram com as pernas e as maminhas queimadas."
"Não dá para entender como é que foi tudo tão rápido. Em cinco minutos, havia chamas altíssimas a 50 metros das casas", relata José Gonçalves, 64 anos. Juntou-se aos vizinhos e às pessoas que iam a passar na estrada e combateram o fogo com baldes e mangueiras. Ao fim de uma hora, o incêndio estava extinto, mas queimou tudo o que apanhou pela frente até próximo das habitações. "Foi uma aflição."
Joaquim Santos, 61 anos, estava em França, quando lhe ligaram a dizer que o "inferno" tinha tomado Ramalhais. A população defendeu as casas, até a GNR dar indicações para evacuar, e os bombeiros evitaram o pior. "Quando cheguei, na terça-feira passada [dia 12], ainda estava tudo a arder. Parecia uma coisa do outro mundo".
"Tive sorte, porque, se não tivesse tudo limpo, a casa tinha ardido", acredita o emigrante. Os estragos limitaram-se aos pinhais, ao alpendre, à lenha e ao motor do poço, prejuízo que estima em cerca de cinco mil euros. Para evitar novos dissabores, arrancou todos os pinheiros e vai substituí-los por árvores de fruto e por oliveiras.
A Polícia Judiciária deteve o alegado autor dos dois incêndios florestais que deflagraram no dia 10, na freguesia de Freixianda.