António Calisto caiu ao rio Douro, na manhã desta quarta-feira, quando ia pescar. Homem experiente, tinha 65 anos e saiu para faina sozinho. Deixa mulher e dois filhos. As buscas foram interrompidas e são retomadas na quinta-feira de manhã.
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Conhecia o mar, conhecia o rio. E era um bom nadador. António Calisto caiu ao rio Douro quando se preparava para a pesca junto à barra. Tinha 65 anos, era um profissional experiente e generoso, um homem conhecido de todos em Lordelo do Ouro, no Porto, onde vivia. Contrariamente ao habitual, saiu sozinho no "Aurora de Luxo" e só quando outros pescadores viram o barco à deriva é que se deu o alerta, pelas 8.30 horas.
As buscas decorreram durante todo o dia, na zona em frente à estação salva-vidas da Foz do Douro, e serão retomadas pelas 7.30 horas desta quinta-feira, depois de terem sido interrompidas pelas 20.30 de hoje. Segundo o comandante Serrano da Paz, adjunto do capitão do Porto do Douro, as operações concentraram-se primeiro entre a barra e o local onde António Calisto terá caído e, mais tarde, continuaram para montante até perto da Afurada, do lado de Gaia. Ao longo do rio andaram embarcações da Polícia Marítima e dos Bombeiros Sapadores de Gaia, corporação que levou mergulhadores. A auxiliar as buscas esteve um helicóptero da Força Aérea.
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O barco foi recuperado e entregue à Polícia Marítima, para perícias. Mas de António Calisto, nem sinal. "Foi uma pancada forte", dizia-nos José Gonçalves, cunhado, ainda aturdido com a notícia do desaparecimento de um homem que "tinha muitos anos de rio". José contou ao JN que o pescador ainda foi visto pelas 8 horas e que no barco estavam um canivete, um chapéu e a âncora com a corda cortada, informação que não foi possível confirmar junto de Serrano da Paz.
"Pescava lampreia e preparava-a bem", conta o cunhado, recordando que ambos foram para a tropa em 1978 e que António, então em Santarém, "ficou todo contente" quando lhe deram a tarefa de ajudante de cozinha. Ainda na terça-feira, José comeu ao jantar umas sardinhas que António lhe deu. "Era um rapaz muito facetado, um moço fantástico. Ainda não acredito nisto", disse.
Casado e pai de dois filhos, António Calisto era conhecido como "Rato", alcunha que terá herdado de um avô. Chegou a explorar o pequeno café junto ao cais de Lordelo do Ouro, negócio que acabou por passar, mas nunca deixou a faina. Além da lampreia, também pescava solha e robalo.
Joaquim Marques, um amigo, disse ao JN que António era "bom nadador, filho do rio". Tal como outras pessoas que estavam junto à estação salva-vidas, desabafou: "Ninguém me tira da cabeça que lhe deu qualquer coisa. O problema foi estar sozinho".
José Pinheiro, que jogou à bola com ele há 40 anos no Juventude de Lordelo do Ouro, também salientou a experiência do pescador, acrescentando: "Não costumava pescar sozinho. Provavelmente deu-lhe alguma coisa e caiu à água".
Além dos meios referidos, também esteve no local um psicólogo da Polícia Marítima, para apoio à família.