<p>Um matadouro clandestino, em S. Bartolomeu de Messines, no concelho de Silves, vendeu carne para consumo público durante largos meses até ser encerrado este domingo pela Autoridade de Segurança Alimentar e Económica.</p>
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Da operação, levada a cabo durante o dia de domingo, resultou a detenção de sete pessoas e a apreensão 290 caprinos e ovinos.
Após suspeitas de que no local, situado no Sítio de Vale Bravo, eram abatidos animais sem licença nem condições de higiene, a ASAE montou vigilância ao longo de um mês. A investigação e o factor surpresa acabaram por ser determinantes para o sucesso da operação. Isto porque, no momento da intervenção, os inspectores da ASAE, apoiados por militares da GNR, verificaram que estavam a ser abatidos vários ovinos e caprinos.
Segundo fontes que participaram na acção, esta situação "espelha bem o sentimento de impunidade" de proprietários e trabalhadores. Além da carne foi apreendido diverso material utilizado na morte dos animais, como facas e afiadores e ainda dezenas de peles e três viaturas que estavam a ser utilizadas para o transporte. O valor dos bens apreendidos ronda os 18.785 euros.
Ao que o JN conseguiu apurar junto de várias fontes, os animais eram mortos "em condições que violam todas as normas impostas, sem o mínimo de dignidade e sem condições de higiene". A carne era depois vendida a particulares e a restaurantes. Em comunicado, a ASAE refere que, por se tratar de "um crime público", os detidos foram presentes ao Tribunal de Silves, mas ninguém se mostrou disponível para prestar esclarecimentos.
Desde que o Matadouro Regional do Algarve, o único da região, foi encerrado em Julho de 2007 que proliferam espaços ilegais. Na altura, a ASAE justificou a suspensão da actividade com a falta de condições de higiene e problemas na refrigeração. Os inspectores encontraram "teias de aranha, ferrugem, paredes conspurcadas, pavimento do chão inadequado para a função, por não ser lavável, nem impermeável, e pessoal com vestuário sujo". O proprietário queixou-se de "perseguição", uma vez que o local, situado em Vale da Venda (Loulé) já tinha sido inspeccionado seis vezes durante aquele ano. Invocou "cansaço e falta de verba" para não realizar as obras exigidas e não voltou a abrir as portas.
O matadouro mais próximo fica situado em Beja, no Alentejo, o que levanta sérios transtornos ao nível do transporte para os produtores algarvios.