A vegetação, alta, tomou conta do espaço onde antes se erguiam as bancas do mercado da Areosa (Gondomar). Com os vendedores a desesperar, há dois anos, num espaço sem condições, as obras no mercado voltaram a parar. Só aparentemente, garante a Câmara.
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A aparência transforma-se em evidência para comerciantes e compradores: há muito tempo que não se vêem máquinas ou trabalhadores; no recinto, quase totalmente entaipado com blocos de betão, a erva está bem crescida. A autarquia garante que os trabalhos recomeçarão durante esta semana, após a assinatura do contrato para o futuro parque de estacionamento subterrâneo.
Mais um passo no moroso processo de reconversão do mercado (as obras já estiveram paradas mais do que uma vez), cuja origem remonta a 2005, quando a hipótese começou a ser estudada pela Câmara de Gondomar.
Desde 2008 que os comerciantes foram para uns contentores do outro lado da rua, com a promessa de que a situação seria provisória, coisa para nove meses. Há dois anos que estão em regime provisório e sem condições.
"O calor dentro deste contentor é insuportável. Não posso ter a carne exposta. Quando estava no mercado vendia muito bem, agora não se vende. Numa manhã como a de hoje já teria feito 200 euros. Aqui, esta manhã, ainda não fiz nada. E eu pago 300 euros mensais para estar aqui", denunciou Maria Margarida, do talho.
Contentor sim, contentor não, o discurso é o mesmo. Não há condições, não há espaço, não há estacionamento, estão isolados e perderam muita clientela. "Eu só queria que o Valentim Loureiro passasse aqui um dia no contentor do meu cabeleireiro para ver como é", revoltou-se Manuela Campo Grande. "Ninguém vai ao cabeleireiro num contentor, ainda menos se ele for pequeno", acrescentou.
"Disseram que seriam nove meses e já vamos em dois anos", atirou Carminda Barros, da bancada da fruta. "E é o isolamento. O nosso mercadinho chamava mais clientes, muito mais. Agora não: alguém vem aqui, a este buraco sem fundo, comprar peixe?", questionou Maria de Fátima. "A gente olha para a obra e está tudo parado", lamentou Fernanda Barros, comerciante de fruta.
Para a Câmara, as obras não estão paradas. "Aguardam apenas a assinatura do contrato de construção e exploração do parque de estacionamento - aprovado na última reunião do Executivo - e retomam o seu curso na próxima semana", garantiu fonte oficial da Autarquia.
De resto, assumiu a mesma fonte, "a área de comércio e serviços ficará concluída até final deste ano" e "o parque e os arranjos exteriores ficarão prontos em meados de 2011".
"Têm sido dois anos de sacrifício. Estamos isolados e sem condições. Perdeu-se muita clientela e vender bem só mesmo ao sábado", resumiu Carla, da padaria.