Centenas de pessoas vão percorrer, na sexta-feira, a Rota do Contrabando de Tourém, em Montalegre, e recriar a época em que as trocas comerciais entre Portugal e Espanha eram seguidas pelas autoridades dos dois lados da fronteira.
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A iniciativa acontece pelo sétimo ano consecutivo e é da responsabilidade da junta de freguesia de Tourém e do Ecomuseu do Barroso, que quis recuperar um dos "emblemas" do concelho de Montalegre e recriar o espírito "contrabandista" das gentes do Barroso.
O presidente da junta de freguesia, Paulo Barroso, explicou à Lusa que a actividade pretende ser "o mais real possível", pelo que os "contrabandistas" vão sair do coração da aldeia, no Largo do Outeiro, pelas 19.30 horas, ou seja, pelo "lusco-fusco para se apanhar a noite", disse.
O autarca salientou que a meio do caminho haverá investidas de guardas-fiscais e civis e quem for "apanhado" vai preso juntamente com o burro, responsável pelo transporte da mercadoria.
A troca dos produtos ou o contrabando será feito numa loja da localidade espanhola vizinha, em Randím, e segundo Paulo Barroso, os portugueses darão electrodomésticos em troca de bens alimentares como bananas, azeite, bacalhau e café.
No final da rota, um percurso de 11 quilómetros, os "contrabandistas" regressam a Tourém onde haverá um bailarico e um jantar convívio.
O edil referiu que o contrabando era uma "forma de vida" porque as pessoas viviam, e ainda hoje vivem, essencialmente da agricultura e o contrabando era "um complemento" ao orçamento mensal.
Paulo Barroso frisou que, futuramente, o pólo do Ecomuseu do Barroso em Tourém será "transformado" numa "espécie" de museu alusivo à actividade contrabandista para os mais jovens terem uma perspectiva desta actividade.
Em 2010, a iniciativa contou com a participação de 268 intervenientes e superou "todas as expectativas".
Este ano, as inscrições contam já com "mais" de 100 pessoas.
No sábado, dia seguinte à Noite do Contrabando de Tourém, realiza-se a Rota do Contrabando em Vilar de Perdizes, Montalegre.
Um dos responsáveis pelo Ecomuseu do Barroso, David Teixeira, revelou à Lusa que o evento será "em tudo" semelhante ao de Tourém com a diferença de acontecer à "luz do dia" e o percurso ter "cerca de 20 quilómetros".
Acrescentando que " à semelhança de Tourém quase 100 por cento da população de Vilar de Perdizes vivia do contrabando porque era uma forma de ter uma vida melhor".