Abaixo-assinado denuncia "perda de qualidade de vida" no centro do Porto. Encerrada discussão pública do projeto.
Corpo do artigo
Um abaixo-assinado circula entre moradores da Rua de João das Regras, da Rua do Bonjardim, da Rua de Gonçalo Cristóvão e da Rua de Alfredo Magalhães em contestação ao projeto municipal para construção de dois blocos e trinta fogos no gaveto onde nas últimas décadas funcionou uma central de camionagem, nas traseiras do INEM.
O período de discussão pública do projeto da Câmara Municipal do Porto para requalificação e loteamento da Rua do Régulo Megauanha concluiu-se anteontem. Ainda se aguarda pela aprovação definitiva do projeto, incluído no regime de arrendamento acessível, mas os residentes do quarteirão já antecipam construções "absolutamente desproporcionadas e claramente com impacto na perda de qualidade de vida de quem mora na zona".
Estão previstos dois lotes: um, de cinco pisos, com um máximo de 28 fogos; outro, de três pisos (r/c + 2), com um máximo de duas casas.
"Durante 20 e tal anos, convivemos com uma central de camionagem nas traseiras das nossas casas (a ligarem motores às seis da manhã e com um movimento considerável de autocarros o dia todo)... e aguentámos. E quando pensámos, ingenuamente, "vamos ter sossego e, quem sabe?, vamos ter aqui um espaço verde" [...], a proposta da Câmara é mais casas [...], para emparedar as pessoas e retirar o sol e a luz", lê-se no abaixo-assinado que os moradores endereçam à Câmara e aos partidos com assento na Assembleia Municipal.
Numa das participações enderaçadas durante o período de pronúncia do projeto, uma residente da Rua de João das Regras anotou todos estes "efeitos nefastos" para a vizinhança. Paula Soares verificou, ainda, o que considera ser a impenetrabilidade da tramitação, disponível em consulta online, "com centenas de documentos de leitura difícil para o cidadão comum" e que este "é sempre o último a saber".
Teme pelos quintais que resistem no quarteirão e que travam a pavimentação e impermeabilização dos solos, embora esta seja, precisamente, uma das questões aludidas na memória descritiva do projeto, que exalta "a qualificação do ambiente".
Espaço verde
O projeto de requalificação e loteamento da Rua Régulo Magauanha ocupa uma área de 4458 metros quadrados. Os espaços verdes de utilização coletiva ocuparão 212 metros quadrados.
13 mil fogos
Cerca de 30 mil pessoas, 13% da população do município do Porto, vivem em casas da propriedade da Câmara. A renda mensal média nos 13 mil fogos dos 48 bairros municipais é de 52 euros.