Numa festa cujo principal atributo é a espontaneidade, bastaria sugerir algo muito simples: ir para a rua e seguir na enxurrada. Mas como a oferta é tão grande, o JN mostra-lhe algumas das atividades que pode escolher para a noite mais longa do Porto.
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Sempre haverá quem prefira bater o pé ao som do Agrupamento Musical Diapasão, outros terão a certeza de nunca abanar tão bem o capacete como com a Banda Lusa, outros ainda estarão certos de ao som dos Iniciadores fazerem os melhores engates, que assim mesmo é esta noite desde sempre, até antes de em tempos medievais a grande festa de verão ter sido ligada ao santo batista.
Sardinhas, febras para os carnívoros, vinho muito, cerveja, bebidas menos ou nada alcoólicas, broa da boa... Está visto que uma boa comezaina terá sempre de ser o ponto de partida da rota sanjoanina. Não faltará onde, em sítios mais formais ou informais, mais públicos ou privados. Na certeza que, depois disso, é na rua e não em casas fechadas que se faz a festa. Interclassista e francamente democrático, o santo faz pobres martelar as cabeças de ricos, leva analfabetos a espantar letrados com as suas rimas, faz princesas sucumbir aos encantos de plebeus... bom, resuma-se a coisa que resvala para os contos de fadas: a festa é uma alegre e despreconceituosa misturada.
Os centros nevrálgicos da folia, se "centros nevrálgicos" é coisa que aqui faz sentido, são muitos. Pela tradição, obviamente, temos as Fontainhas, com diversões e arraial. Pelo envolvimento institucional, a Avenida dos Aliados merece destaque, pois nunca o Município ali fez tantos concertos como este ano, culminando na madrugada da grande folia com um espetáculo de José Cid. Pela diversão pura, temos a rotunda da Boavista, onde a maior roda gigante alguma vez por estas terras vista desafia, nas alturas o leão que esmaga a águia napoleónica... Depois, enfim, há bailaricos em todo o lado. Em Miragaia, em Massarelos, na Cordoaria, na Corujeira, em Paranhos, no Passeio Alegre... em toda a cidade. E balões pelo ar. E aquelas coletividades que tudo amam e julgam ser segredos bem guardados, com o Guindalense à cabeça. E o fogo, deuses!, estralejando até fazer tremer os alicerces das almas portuenses. É à meia-noite, hoje unindo as duas margens do rio, como um estrondoso tiro de partida que diz: "Ainda a noite é uma criança".