<p>A demolição da Fábrica de Curtumes de Valbom foi polémica. Oito anos após a compra do prédio com 200 anos para construir um condomínio de luxo, a imobiliária não fez a obra. A Câmara crê que o projecto se mantém. A empresa está incontactável.</p>
Corpo do artigo
O processo da aquisição, que envolveu o ex-ministro de Santana Lopes, Henrique Chaves, e demolição da antiga Fábrica de Curtumes de Valbom, em Gondomar, fez correr muita tinta nos jornais. Houve até uma providência cautelar interposta pelo PS/Gondomar.
Mas mesmo assim, o edifício, com 200 anos, acabou por ser deitado abaixo, em 2008. Os socialistas, que até então foram os maiores opositores da transformação da fábrica em condomínio de luxo, nada puderam fazer, até porque o prédio foi destruído por um incêndio.
“Tentamos tudo para preservar aquilo. Foi uma das primeiras fábricas de curtumes do país. Mas, no momento em que foi alvo de um incêndio já nada havia a recuperar. Perdeu-se todo o valor”, sustenta, ao JN, o vereador socialista Arménio Martins.
Foi em 2002 que começou a ser traçada a transformação daquela fábrica num condomínio de luxo, composto por 36 vivendas e um prédio com rés-do-chão e dois andares. Foi esse o projecto que a Imobarcelona entregou na Câmara de Gondomar para licenciamento, depois de adquirir o edifício em Ribeira do Abade por 2,5 milhões de euros, e deste ter perdido a classificação de património arquitectónico municipal.
Os socialistas ainda tentaram evitar a demolição da fábrica, através de uma providência cautelar, interposta em 2004, mas sem efeitos. O edifício, situado perto do Palácio e da Marina do Freixo, acabou por ser demolido, em 2008.
O vice-presidente da Câmara de Gondomar, José Luís Oliveira, diz que tal foi feito no âmbito do projecto da Imobarcelona, entretanto aprovado no Município. Só que, oito anos após a sua aquisição, nada foi construído nos terrenos da antiga Fábrica de Curtumes de Valbom.
“Deve ter a ver com as dificuldades que o sector do imobiliário tem sentido com a crise. O projecto foi aprovado em devido tempo. O andamento depende do privado”, diz José Luís Oliveira, embora ressalve que a Câmara de Gondomar gostaria que o condomínio já estivesse construído.
“Por uma questão de receitas, referentes às taxas municipais de construção”, explica, reforçando:“É uma situação que nos dava jeito que fosse resolvida rapidamente”.
O PS até já nem se opõe à construção. “Queríamos era preservar o valor histórico do edifício e que não se fizessem grandes volumetrias, mas agora está tudo no chão”, sublinha Arménio Martins.
O JN tentou confirmar junto da Imobarcelona se ainda tem interesse no projecto. Mas não foi possível estabelecer qualquer contacto com a empresa. Os números de telefone associados à Imobarcelona já não existem ou pertencem a outras firmas.
Posto isto, tentou-se obter informações junto da Sociedade Xaroco, detentora da Imobarcelona. Um dos telefones dessa sociedade é agora de uma casa particular. No outro ninguém atende. Também não conseguimos qualquer resposta aos nossos faxes.