A construtora de dois prédios na escarpa da Arrábida, no Porto, garantiu esta sexta-feira à Lusa que a obra não obriga "a qualquer escavação" nem prevê "alterações topográficas", estando em curso a "desmatação" destinada à primeira fase da obra.
Corpo do artigo
"Estamos a fazer a desmatação da escarpa, ou seja, a limpeza do lixo e vegetação. Mais um dia ou dois e fica concluída. Depois, haverá a pregagem de uma rede para não haver pedras soltas. Segue-se a construção, que não toca na escarpa", assegurou Manuel Caetano, administrador da imobiliária Arcada, em declarações à Lusa.
Alertando que a capacidade construtiva atualmente apontada para o local é "menos" do que os "17.684 metros quadrados acima do solo" adquiridos para o local em 2000, o responsável garantiu que "não há escavação", que "não estão previstas alterações topográficas" e que a reentrância visível na escarpa após a desmatagem "já lá estava".
"A capacidade construtiva já vinha de 2000 e era de 17.684 metros quadrados acima do solo. Agora, tem menos área de construção. Não é uma redução substancial, mas é menos", afirmou Manuel Caetano.
O administrador acrescentou ter adquirido o terreno em 2010 e que o mesmo "ficou licenciado" em 2011, tendo "a crise" ditado a opção de "não construir" naquele momento.
Entretanto, em 2017, "a câmara propôs uma alteração ao projeto, para se ver mais escarpa e não haver tanta continuidade de construção", porque "o que estava previsto era um prédio idêntico ao que existe ao lado", indicou Manuel Caetano.
Ficou então definido um "projeto com dois lotes e duas fases", tendo já sido "levantada a licença para a primeira fase, correspondente ao edifício mais baixo", com "rés-do-chão, seis pisos e um recuado".
A previsão para a conclusão desta obra é de dois anos, revelou o responsável.
O outro imóvel terá "rés-do-chão mais 16 andares", um dos quais "recuado".
O responsável indicou ainda que, em 2011, a câmara tinha aprovado um edifício de nove andares, em concreto "um rés-do-chão mais seis pisos mais dois recuados, num só bloco".
Em causa estão dois edifícios habitacionais com 38 e 43 fogos que a Câmara do Porto admitiu na quinta-feira estarem a ser edificados numa zona de "proteção de recursos naturais" devido a direitos "adquiridos desde 2000".
Manuel Correia Fernandes, vereador do Urbanismo até à rutura da coligação pós-eleitoral entre o independente e os socialistas em maio de 2017, revelou hoje ter sido o seu sucessor, Rui Loza, quem "licenciou e podia ter travado o projeto de arquitetura" de dois edifícios de habitação junto à ponte da Arrábida.
Correia Fernandes notou que, no Pedido de Informação Prévia (PIP) que aprovou para o local em 2016, estava previsto um prédio de habitação e um hotel, referindo que a mudança "faz toda a diferença" e que não a teria aprovado.
O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira (independente) disse esta sexta-feira à Lusa que a construção na escarpa da Arrábida "fica beneficiada" com a alteração do uso de um dos prédios de hotel para habitação.
"Não houve qualquer alteração de cércea ou volumetria, apenas uma alteração de uso de hotel para habitação. Entendemos que a cidade fica beneficiada com isto, porque o Porto tem carência de habitação", disse Rui Moreira.