A população de Paredes teme que seja preciso mais de uma semana para dar um passo em frente e avançar para a quarta fase do desconfinamento, travada esta quinta-feira feira pelo Governo, depois do concelho voltar a registar um elevado número de casos de covid-19. O desrespeito pelas regras é apontado como fator determinante para esta situação que se revela "preocupante" para a economia local.
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Numa altura em que grande maioria do país avança para a quarta fase de desconfinamento, o concelho de Paredes, juntamente com Miranda do Douro e Valongo, mantém-se na terceira fase, ainda com medidas mais restritivas.
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"É preocupante e contava que isto não acontecesse. Vai ser mais uma semana de sacrifício e esperemos que seja só uma", referiu ao JN José Moreira, um morador de Paredes, certo de que o caminho da responsabilidade é o mais importante. "Cada um tem que ser consciente. Se não for, vamos continuar nesta situação", lamentou.
Conceição Sousa reside em Paredes, mas é natural de Penafiel - um dos concelhos que está em alerta, assim como Paços de Ferreira, por contabilizarem incidências cumulativas superiores a 120 casos de covid-19 por 100 mil habitantes. Acredita também ela que este travão colocado ao concelho paredense é "muito mau", mas já era expectável. "Por aquilo que temos visto, após a abertura das esplanadas, há sítios que são um caos. Já estava à espera de que isto acontecesse", contou, preocupada com as consequências que esta situação vai ter na economia e na vida das pessoas. "Era passar multas pesadas, para ver se as pessoas começavam a respeitar mais", frisou.
Durante a próxima semana, Conceição Sousa espera que as pessoas, com limitações no concelho de Paredes, "não comecem a ir para os concelhos vizinhos".
Também os comerciantes estão preocupados com a evolução da pandemia no concelho, que esta sexta-feira tinha 244 casos por cada 100 mil habitantes, bem acima do limite dos 120 casos por 100 mil habitantes definidos pelo Governo como meta para atuar. Vasco Pinto é empresário da restauração e diz que a sua área é "das mais afetadas". "É muito triste. As pessoas deviam ter um bocadinho mais de responsabilidade", referiu, apontando os jovens como "os menos cuidadosos". Não sentiram responsabilidade", acrescentou.
Com a atividade limitada e as receitas abaixo do necessário, confessa que "está a ser um bocadinho difícil levar o barco direito" e que mal saiu a notícia de que Paredes estava em risco, "notou-se logo". "As pessoas deixaram de vir. Agora sinto-me um pouco injustiçado por Penafiel e Paços de Ferreira estarem abertos, porque as pessoas vão-se deslocar. Mas não posso fazer nada. Cada um tem que ter a sua responsabilidade", desabafou.
Para o empresário "esta fatura vai ser muito difícil de pagar economicamente". "Nem daqui a cinco anos estamos com a fatura paga", rematou.