Está a ser posto em causa o plano das vias partilhadas em Santo Tirso, que junta no mesmo corredor automóveis, transeuntes e bicicletas. Na reação às críticas, autarquia diz ser necessário "tempo de adaptação".
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Santo Tirso está a apostar na criação de vias partilhadas no âmbito do Plano Municipal de Mobilidade Sustentável, mas nem todos dão as boas-vindas às mudanças introduzidas no conceito de utilização da via pública, que passa a pressupor a convivência de peões e veículos.
O novo sinal de trânsito - um dos novos do Código da Estrada - está lá, impõe como limite de circulação rodoviária a velocidade de 20 quilómetros/hora e ilustra a explicação da placa que designa o espaço como "zona de coexistência"- segundo o Código, é "uma zona da via pública especialmente concebida para utilização partilhada por peões e veículos, onde vigoram regras especiais de trânsito" -, mas são cometidos excessos, denunciam moradores da Rua Dr. Oliveira Salazar, uma das duas vias partilhadas criadas na cidade.
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"Os carros entram a 20 quilómetros/hora na rampa no início da rua e depois vão por aqui abaixo com muita velocidade. Não há respeito. As únicas pessoas que andam aqui devagar são os moradores", testemunha Rosa Martins, referindo que, nesse aspeto, a Rua Dr. Oliveira Salazar, onde mora, "piorou, porque o piso ficou melhor", após as obras, para os carros circularam depressa.
Quase foi atropelada
"A ideia [de via partilhada] era interessante. O problema é que não funciona. Alguma vez passam a 20 à hora?", observa a vizinha Paula Godinho, enquanto a via é cruzada por automóveis que circulam a uma velocidade bem superior. Rosa Martins aponta outra dor de cabeça para quem ali mora: com os passeios para peões suprimidos e a via toda ao mesmo nível, "o carro que está atrás de outro que esteja a estacionar não espera e passa pelo lado, onde antes era o passeio. Há dias, uma senhora ia a sair do portão de casa e quase foi atropelada assim".
Em contramão
No centro, a outra via partilhada, entre a Praça Camilo Castelo Branco e a Rua Dr. Joaquim Pires de Lima, a apreensão estende-se aos comerciantes. E se Fátima Santos alerta para o facto de haver condutores a "passar em contramão" num dos troços e "com um bocadinho de velocidade", Ariana Ribeiro lamenta a perda de estacionamento. "Devem ter tirado mais de 50 lugares e não repuseram nem um aqui à volta", indigna-se a comerciante, que refere que "três lugares para cargas e descargas durante 15 minutos para todo o comércio da rua está fora de questão".
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Fátima Santos fala de situações em que "os carros ficaram em cima dos tubos" para aparcamento de bicicletas, o que, segundo a Câmara, já motivou "duas reclamações".
Além de esclarecer que realizou ações de sensibilização sobre vias partilhadas, a Autarquia referiu ao JN que, no caso da Praça Camilo Castelo Branco, "foi possível assistir ao entusiasmo com que a população em geral assumiu aquele espaço público como seu". Mas lembra que as alterações têm "o seu tempo de adaptação".