A decisão de fechar o Stop "é, acima de tudo, uma questão de consciência", disse Rui Moreira, que na semana passada anunciou o encerramento do edifício. O autarca referiu que o desfecho depende dos proprietários, que ainda têm tempo de "repor as patologias imediatas", como assegurar extintores e saídas de emergência.
Corpo do artigo
"Aquilo que pode surgir naturalmente e que está ao alcance principalmente dos proprietários é, olhando para as patologias imediatas que são assinaladas, tomar as medidas de precaução que permitam que o centro possa reabrir ou, até, porventura, não fechar", declarou o autarca esta segunda-feira, durante o Conselho Municipal de Segurança.
O fecho definitivo do Stop foi tornado público na semana passada. Na sessão de ontem do Conselho Municipal de Segurança, o presidente da Câmara assegurou que, em agosto, teve uma audiência com o Ministério Público para perceber que incumprimentos legais estavam em causa, caso a Autarquia não interviesse. "Não me restava outra alternativa", acrescentou o autarca.
Rui Moreira relembrou que a Câmara não pode ter "qualquer tipo de despesa ou intervenção" no Stop. Ainda assim, detalhou o esforço para que a "atividade [dos músicos] seja perpetuada na cidade". "Temos a Escola Pires de Lima, que estará vazia durante este mês. Vamos fazer obras e entregar a gestão do espaço à Associação dos Amigos do Coliseu", adiantou.
Petição dos músicos
Realçando a "profunda preocupação com a ameaça iminente de evacuação do edifício", os músicos adiantaram ao JN que já solicitaram, junto da promotora do terreno vizinho, a remoção de um elemento que está a "obstruir a saída de emergência lateral". Em paralelo, foi lançada uma petição online em que pedem à Câmara do Porto para "reavaliar a sua posição" e reconhecer o "valor inestimável" daquele espaço para a cultura da cidade.
Na petição, que à hora de fecho desta edição contava com mais de 2500 assinaturas, os artistas solicitam ainda "transparência e imparcialidade" quanto ao processo urbanístico: "Todo e qualquer processo deve ser sempre caracterizado por tomadas de decisão abertas, equitativas e informadas, que incluam todas as partes interessadas no âmbito devido".
Medidas paliativas
Depois de o Stop ter encerrado a 18 de julho, centenas de músicos e lojistas puderam regressar, sob medidas preventivas, como a presença permanente de bombeiros no local. No entanto, o recente relatório da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil refere que tal medida não é suficiente. "Nós estávamos convencidos que, através das medidas paliativas, íamos conseguir ganhar tempo", lamentou o autarca.
Ao final da tarde de ontem, os músicos ainda não tinham sido notificados para abandonar o centro comercial. Quando tal acontecer, têm dez dias para, voluntariamente, esvaziar e abandonar os estúdios e as salas de ensaio.