O quarto restaurante solidário vai abrir portas dentro de três a quatro meses numa zona onde a distribuição de alimentos a pessoas em situação de sem-abrigo ou carência económica é feita apenas na rua.
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O objetivo é servir aquela zona mais ocidental da cidade, nomeadamente a Avenida da Boavista, Rua de Júlio Dinis e toda a área do Campo Alegre, que, a par da zona da Baixa, é das áreas onde mais pessoas vivem na rua, com problemas de saúde mental e forte dependência do consumo de drogas e álcool.
"Estes restaurantes pretendem substituir a distribuição de comida na rua mas há zonas na cidade onde as pessoas recusam deslocar-se até aos restaurantes e, por isso, é necessário as equipas irem lá", explicou, ao JN, Fernando Paulo, vereador da Coesão Social na Câmara do Porto.
A estrutura que vai servir a zona ocidental beneficia da experiência já adquirida com os anteriores três localizados na Batalha, no antigo Hospital de Joaquim Urbano e no Beco de Passos Manuel. "Será idêntico aos restantes, teremos de fazer obras de adaptação e, por isso, estará mais ajustado à missão de servir pessoas em situação de sem abrigo e com vulnerabilidade naquela zona ocidental. Podemos dizer que será um restaurante solidário de nova geração", acrescenta o vereador.
Outras necessidades
"Vai complementar também outras necessidades", acrescenta Fernando Paulo, não só de pessoas em situação de sem-abrigo como da população com grandes vulnerabilidades até porque, com a pandemia, há mais gente a dormir na rua, como referem as estatísticas apresentadas recentemente pela autarquia. "A perceção que temos é de que as situações de pobreza estão a aumentar e isso começa a sentir-se nos processos dos vários serviços de respostas sociais o que nos obriga a ajustar as respostas a essas necessidades", diz o vereador.
O novo restaurante "irá dar algum suporte e complementaridade, como estrutura de apoio, à sala de consumo assistido que estará localizada próxima daquela zona, onde neste momento as pessoas são apoiadas pelas equipas que fazem a distribuição de comida na rua". De acordo com Fernando Paulo, a sala de Massarelos terá uma capacidade "um pouco maior" à das restantes, onde cabem cerca de 50 pessoas.
As refeições são todas confecionadas no Joaquim Urbano pela SAOM, Serviço de Assistência Organizações de Maria, que, para além do papel de voluntariado, angaria os alimentos com mecenas, com várias cadeias de supermercados e com o Banco Alimentar Contra a Fome. A comida é depois distribuída pelos restaurantes e servida pelos voluntários da CASA, Centro de Apoio ao Sem-Abrigo.
Neste processo, é ainda garantido o acompanhamento por parte dos voluntários do GAS-Porto, Grupo de Ação Social do Porto. Todas estas instituições funcionam em rede no âmbito da Estratégia Municipal para a Integração das Pessoas em Situação de Sem-Abrigo.
Pormenores
Mais sem-abrigo
A cidade do Porto tinha 730 pessoas em situação de sem-abrigo em dezembro de 2021 (os dados mais recentemente divulgados), mais 140 do que em 2020, sendo que 231 vivem na rua e 499 não têm casa.
560 refeições/dia
Os restaurantes solidários estão abertos todos os dias das 20 às 22 horas. Atualmente, estão a ser servidas uma média de 560 refeições/dia, ou seja, um total de 200 mil/ano.
Serviço takeaway
Devido à pandemia, as refeições passaram a ser servidas em takeaway, regime que se mantém. O serviço em mesa voltou a 27 de junho.