O dirigente da Quercus João Branco defendeu, esta sexta-feira, uma investigação do Ministério Público à derrocada nas obras da Barragem de Foz Tua que, na quinta-feira, provocou a morte a três operários.
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A associação ambientalista Quercus é contra a barragem de Foz Tua. Desde o início do processo que tem mostrado a sua oposição à obra por razões ambientais e também por causa da destruição da linha ferroviária do Tua.
João Branco, dirigente da associação em Vila Real, disse à Agência Lusa que o acidente de quinta-feira veio reforçar as preocupações relativamente à construção deste empreendimento.
"Negligência criminosa"
O responsável considera que existem razões para ser aberto um processo-crime. "Acho que não se pode descartar a negligência criminosa. Houve três mortes e o Ministério Público devia investigar a ocorrência destas mortes para que a culpa não morra solteira", salientou.
É que, segundo João Branco, as máquinas que trabalhavam no local onde está a ser construído o paredão da barragem e as explosões, provocaram trepidações que poderão ter afectado as paredes escarpadas.
"As coisas não caem sozinhas, nem havia condições para isso. Não houve nenhuma grande chuvada, nenhum acontecimento natural que justificasse o aluimento", referiu.
João Branco considera que não foram acauteladas as condições de segurança no trabalho, pelo que concluiu que os planos de segurança implementados "não foram suficientes".
O dirigente referiu ainda um vídeo que circula na Internet e que mostra imagens aéreas do local do acidente, recolhidas uma semana antes, onde já se podem ver "algumas pequenas derrocadas de pedras".
O administrador da EDP Produção, António Ferreira da Costa, adiantou na quinta-feira que, numa avaliação preliminar, tudo aponta para que se tenha tratado de um "aluimento natural" de terras e rochas que atingiram os três trabalhadores que iam a passar e seguiam para o seu posto de trabalho.