Dezenas de trabalhadores da CaetanoBus concentraram-se em frente à empresa, em Gaia, na tarde desta quarta-feira. Numa greve de três horas, reclamaram melhores condições salariais e a valorização das carreiras, entre outras medidas.
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"Contra a discriminação salarial e contra os ordenados de miséria" e "Parem de "roubar" os que trabalham e produzem" eram algumas das frases escritas nos cartazes empunhados pelos trabalhadores em frente à CaetanoBus, empresa pertencente ao grupo Salvador Caetano que fabrica autocarros e carroçarias para serviços de transporte urbano, turismo e aeroporto, entre outros. A paralisação foi convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Norte (Site-Norte), na sequência dos plenários de trabalhadores levados a cabo no passado dia 15, tanto na sede como na oficina de Ovar.
Segundo Miguel Ângelo Pinto, coordenador do Site-Norte, terão aderido à greve "perto de 100 pessoas", incluindo alguns trabalhadores de Ovar, representando entre "50% e 60% do pessoal de fábrica".
O dirigente sindical explicou que há "uma revolta e uma indignação imensas pelos aumentos salariais que a empresa aplicou este ano", o que faz com que os trabalhadores se sintam "cada vez mais injustiçados e mais desvalorizados" pela CaetanoBus. "Mais uma vez, a empresa deu aumentos discriminatórios, com o argumento de que tinha dado um aumento no subsídio de alimentação de 26 euros em cartão e, depois, usando este argumento, deu aumentos de quatro euros, cinco euros, dez euros, 15, outros de 30 e 40, o que também aumentou aqui a revolta", acrescentou.
Embora valorizem o aumento do subsídio de alimentação, reclamam um aumento salarial "de 40 euros, no mínimo para todos os trabalhadores", referiu Miguel Ângelo Pinto, acrescentando às queixas a "desvalorização das carreiras profissionais". A este propósito, disse: "Estamos a falar de trabalhadores com 20, 30 e mais anos de casa, alguns deles a ganhar pouco mais do que o salário mínimo".
Outro dos motivos da greve é a remuneração dos funcionários que têm vindo a ser contratados. O dirigente sindical referiu que a empresa "não consegue recrutá-los com base nos salários que pratica e, portanto, estão trabalhadores hoje em dia a entrar com salários superiores" aos dos que já lá trabalham "há 10, 15 ou 20 anos". Por fim, referiu que os trabalhadores contestam a "caducidade da contratação coletiva".
"Não é com esta atitude e com estes salários que os trabalhadores ganham ânimo no seu dia a dia. É uma empresa que tem condições para pagar melhores salários e é uma empresa que tem vindo a ter lucros", referiu, por seu turno, Carlos Dias, da comissão de trabalhadores, que tem 25 anos de serviço. "Não estamos a pedir nada de mais. Estamos a pedir o que é o justo para os trabalhadores. Porque somos nós, os trabalhadores, que produzimos os autocarros. Somos nós, os trabalhadores, que damos lucro à empresa", concluiu.
Em comunicado enviado à Imprensa, o Conselho de Administração da CaetanoBus referiu que esta greve foi "desproporcional, injusta e inoportuna". A nota sublinha que a revisão salarial feita no mês passado resultou "num aumento de massa salarial superior a 6%", destacando que 81% dos trabalhadores tiveram "um aumento igual ou superior a 40 euros" e que 19% tiveram "um aumento entre os 26 e os 40 euros".
"Estas atualizações já incluem um aumento do subsídio de alimentação de 6,25 euros para 7,63 euros/dia trabalhado, em cartão de refeição (aumento médio de 26 euros líquidos/mês), de forma a contribuir para uma maior liquidez e efetiva reposição do poder de compra dos trabalhadores, face ao aumento da inflação sentida por todos", conclui a empresa.