Com o Rivoli, no Porto, "fechado" ao concerto anual pela paz do Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC), que conta com o apoio da CDU, a vereadora daquele partido na Câmara do Porto diz que a posição da Autarquia "não é aceitável" e está certa de que a iniciativa voltará ao teatro porque "os presidentes mudam".
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De acordo com Ilda Figueiredo, o pedido de apoio à Câmara do Porto para utilizar aquele teatro, cuja gestão é municipal, foi feito há cerca de um ano como, aliás, "se faz há diversos anos". A vereadora da CDU garante que o apoio ao concerto marcado para esta tarde de domingo, pelas 16 horas, tinha sido concedido pela Autarquia.
Na praça, foi improvisada uma sala de espetáculos, com a montagem de um palco para receber músicos, poetas e várias intervenções, e também dispostas cadeiras para os espetadores.
"O presidente da Câmara decidiu, à última da hora, que [o concerto] não se devia fazer no Rivoli. Optámos, então, por fazer na mesma hora, esta iniciativa aqui", na Praça D. João I, em frente ao teatro. A mudança de posição da Autarquia, que foi motivada pela posição do partido face ao conflito militar na Ucrânia, terá sido conhecida pela vereadora há cerca de duas semanas.
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Numa carta enviada à vereadora da CDU, Ilda Figueiredo, a que o JN teve acesso, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, explica que "o Município não pode aprovar esta iniciativa que, ainda por cima, é promovida sob a égide de um partido político que tem vindo a branquear o hediondo ataque da Rússia".
"Os presidentes mudam"
Por sua vez, a vereadora diz não compreender a mudança de posição da Autarquia e considera que a mesma "não é aceitável": "o CPPC é uma organização unitária" e "não deve ser confundida com outras organizações". Por isso, Ilda Figueiredo quis deixar bem claro, quando questionada sobre a posição do PCP sobre a guerra na Ucrânia, que a sua presença na iniciativa desta tarde "é em nome do CPPC".
"Tenho o direito de pertencer às organizações que entender. Estamos ainda num país livre e não num país de pensamento único que o senhor presidente da Câmara do Porto quer impor. E por isso, dizemos, vamos voltar ao Rivoli um dia destes, porque os presidentes mudam. A luta pela paz, pela democracia e pela liberdade, vai continuar", concluiu Ilda Figueiredo.
Eventos por todo o país
Ilda Figueiredo realçou ainda o facto de o CPPC estar a organizar eventos semelhantes por todo o país: "Na próxima terça-feira, em Gaia, vamos ter um leilão dos artistas pela paz, para apoio ao povo ucraniano. Há mais de 100 artistas já a participar nesse leilão, de terça-feira à noite, com a Cooperativa Artistas de Gaia, no 'Espaço da Paz', em Gaia, que a Câmara de Gaia nos cedeu. Por isso, não conseguimos compreender esta posição do presidente da Câmara do Porto".