O BE condenou a "brutalidade" dos aumentos dos transportes públicos previstos para 1 de Fevereiro, considerando que se trata de mais um "imposto encapotado".
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"O Governo pode inventar os nomes que entender, mas a brutalidade destes aumentos representa um novo imposto para diminuir ainda mais o rendimento disponível de quem já é fustigado por todo o tipo de medidas de austeridade", afirmou a deputada do BE Catarina Martins, numa declarações política no plenário da Assembleia da República.
Apontando como exemplo o caso de uma família com o salário médio em Portugal, ou seja, 700 euros, Catarina Martins calculou que com os últimos aumentos anunciados, o agregado ficará a gastar mais 60% em transportes do que gastava apenas há um ano.
"É incomportável", exclamou, sublinhando que andar no metropolitano de Lisboa ficará 40% mais caro em comparação com há quatro meses.
A deputada do BE referiu ainda o estudo que o Governo encomendou para a reorganização dos transportes públicos em Lisboa e no Porto, lamentando que o único objectivo seja "cortar".
"Cortar o número de autocarros, metros e comboios. Cortar na qualidade e frequência dos transportes. Cortar nos horários e na área coberta pelos autocarros. Cortar em tudo menos no preço. Aí, o Governo só conhece um caminho: para cima e em força", sustentou.
Na resposta, o deputado do PSD Luís Menezes lamentou que Catarina Martins tenha "omitido algumas partes", nomeadamente a dívida de 17 mil milhões de euros herdada pelo Governo na área dos transportes.
"O objectivo é impor mais um imposto encapotado. É um roubo descarado", contrapôs a deputada do BE.
Pelo PCP, o deputado Bruno Dias concordou na classificação dos aumentos propostos como "mais um imposto", sustentando que esta "ofensiva" exige uma "resposta muito firme".
O deputado do PS Rui Paulo Figueiredo aproveitou para lançar um repto a todos os partidos, considerando que é necessário debater soluções para fazer face ao endividamento das empresas de transportes.
O deputado socialista deixou também um conselho para a maioria PSD/CDS-PP, considerando que "já é tempo" de deixarem de falar no passado. "Só perde tempo a falar do passado quem tem pouco a dizer sobre o presente", frisou.