Candidatos à Comissão Europeia unidos contra escolha de outros nomes para a presidência
Os cinco candidatos a presidente da Comissão Europeia uniram-se, esta quinta-feira, em torno do novo método de designação para o cargo, apontando-o como "um grande passo democrático" e consideraram impensável que o Conselho avance com qualquer outro nome.
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As posições de Jean-Claude Juncker (PPE), Martin Schulz (PSE), Guy Verhofstadt (Liberais), Ska Keller (Verdes) e Alexis Tsipras (Esquerda Europeia) foram assumidas durante um debate conjunto no Parlamento Europeu em Bruxelas, que durou cerca de uma hora e meia.
Quando discutiam o tema da presidência da Comissão e os rumores de que nenhum dos candidatos venha a ser designado, em detrimento de outro nome negociado nos bastidores, o ainda presidente do Parlamento Europeu e candidato socialista, Martin Schulz, ameaçou mesmo com um veto dos eurodeputados.
O Tratado de Lisboa, aprovado em 2009, estipula que agora os 28 Estados-membros da União Europeia terão de ter em conta os resultados eleitorais para nomearem o novo presidente do executivo comunitário e que cabe ao Parlamento Europeu aprovar esse nome através de uma votação.
"Eu acho que os 28 chefes de Estado e Governo são livres de fazerem o que quiserem atrás de portas, mas espero que este debate [sobre a escolha do futuro presidente do executivo comunitário] acabe, um de nós será o presidente. Se o Conselho quiser nomear outra pessoa, a resposta é fácil, essa pessoa não teria maioria, porque o Parlamento não aprovaria esse nome", afirmou o alemão.
Schulz assinalou ainda que até agora "nenhum chefe de Estado e de Governo expressou" a opinião de que o escolhido não está entre os candidatos e afirmou, com humor, referindo-se a si próprio e dirigindo-se à entrevistadora, o que provocou gargalhadas na assistência: "O próximo presidente da Comissão está aqui e a senhora está a falar com ele".
Também Juncker, candidato dos partidos de centro-direita, lembrou que os 28 primeiros-ministros e chefes de Governo "assinaram o Tratado de Lisboa e que o Parlamento ratificou-o".
"O Conselho tem de ter em conta o Parlamento Europeu, se o Conselho não fizer isto será uma negação da democracia, é claro que se não respeitarmos os resultados eleitorais ninguém votará em 2019, passaremos a mensagem de que os cidadãos não contam", afirmou o luxemburguês.
Já o candidato dos liberais, Guy Verhofstadt, considerou "impensável que seja alguém fora dos candidatos" a ser escolhido e insurgiu-se contra essa ideia, afirmando que isso seria "fechar as portas da democracia europeia".
Ska Keller, dos Verdes, declarou que o papel do Parlamento na escolha do presidente é "um grande passo na democracia europeia e está no Tratado de Lisboa" e advertiu que "os países que se atreverem" a não respeitar os resultados eleitorais provocarão "um rombo na democracia europeia".
O grego Alexis Tsipras, da Esquerda Europeia, defendeu que a hipótese de um outro nome não deve sequer existir: "Isso iria criar mais eurocéticos, o sonho europeu iria desaparecer".