O presidente da República considerou, esta quinta-feira, que as reformas em curso são "imprescindíveis", mas avisou que os "sacrifícios pesados" só continuarão a ter o apoio da sociedade se "não forem em vão".
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"As mudanças em curso são condições imprescindíveis para o reforço da sustentabilidade financeira e para a recuperação económica dos nossos países. Todavia, representam sacrifícios pesados que se imporão aos nossos cidadãos por vários anos", reconheceu o chefe de Estado, Cavaco Silva, numa intervenção no encerramento da reunião da COTEC Europa, que decorreu na cidade italiana de Génova.
Contudo, alertou Cavaco Silva, o apoio da sociedade aos "ambiciosos programas de correcção dos desequilíbrios orçamentais" e às "profundas reformas económicas", que "se tornaram consensualmente inadiáveis e aceites como necessárias", só "se manterá se os sacrifícios não forem em vão, se existir a convicção de que as reformas irão permitir retomar uma trajectória de crescimento sustentado".
Reconhecendo que se enfrenta a perspectiva de um período de estagnação económica, a persistência de elevados níveis de desemprego e o risco de deterioração da qualidade de vida e dos níveis de prosperidade dos nossos concidadãos, apontou como metas alcançar um crescimento económico mais "robusto e saudável" e, ao mesmo tempo, criar emprego qualificado.
Tais objectivos, continuou o chefe de Estado, exigem "novas soluções tecnológicas, vontade empreendedora, mas também forte liderança e o reforço de uma cultura de realismo e de responsabilidade".
Falando perante empresários portugueses, espanhóis e italianos Cavaco Silva admitiu ainda que o desempenho comercial das economias europeias tem ficado "aquém do desempenho das economias concorrentes" que têm ganho vantagem no registo de novas patentes, na criação de emprego de elevada qualificação, ou no lançamento de produtos tecnologicamente superiores.
Ou seja, continuou, continua a existir uma tendência de baixa eficiência de muitos dos sistemas de inovação europeus, que para ser invertida necessita acima de tudo da "substituição do primado da burocracia administrativa pela substância técnica na gestão dos projectos de inovação financiados com capitais públicos".
"Impõe-se, assim, a reforma inteligente das instituições de inovação nacionais, em favor de maior eficiência de funcionamento e de uma melhor articulação com as instituições europeias", defendeu.
Sem colocar em causa que existem "boas ideias na Europa", o presidente da República preconizou que se deve encontrar um quadro de cooperação mais favorável à sua exploração, em benefício da recuperação económica e do padrão de qualidade de vida que se deseja.