O Governo Civil de Lisboa proibiu a concentração pelos direitos humanos na China em frente ao Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, promovida pela secção portuguesa da Amnistia Internacional, amanhã, sábado, primeiro dia da vista do presidente chinês, Hu Jintao, a Portugal.
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Em fax enviado à secção portuguesa da organização, o Governo Civil de Lisboa determina que a "contramanifestação" da Amnistia Internacional (AI) "seja realizada junto à Torre de Belém", entre as 14 horas e as 18.30 horas, e não em frente ao Mosteiro dos Jerónimos, conforme solicitado.
Na mesma comunicação, o Governo Civil autoriza a concentração da Associação de Comerciantes e Industriais Luso-Chinesa entre a frente do Mosteiro dos Jerónimos e o Palácio de Belém, das 13.30 horas às 18.30 horas.
O Governo Civil de Lisboa invoca ter recebido o pedido de autorização da concentração da associação antes (a 21 de Outubro) do da AI (a 3 de Novembro).
Em declarações à Agência Lusa, a coordenadora do Grupo da China na secção portuguesa da AI, Maria Teresa Nogueira, considerou "absolutamente incrível" a ordem do Governo Civil, reveladora, a seu ver, da "submissão do Governo português aos interesses chineses".
A responsável disse que a AI vai acatar a ordem, ainda que "a liberdade de reunião comece a ser fortemente coartada".
A concentração da AI-Portugal, promovida em conjunto com a União Budista Portuguesa e o Grupo de Apoio ao Tibete, realiza-se por ocasião da visita de Estado de dois dias do presidente chinês, Hu Jintao, a Portugal, que se inicia amanhã, sábado.
Os manifestantes vão pedir, nomeadamente, a libertação do Prémio Nobel da Paz 2010, o dissidente chinês Liu Xiaobo, o fim da detenção domiciliária da sua mulher, Liu Xia, e a comutação da pena de morte em prisão do cidadão português de etnia chinesa Lau Fat Wei, residente em Macau.
De acordo com uma nota divulgada pela Presidência da República, o programa da visita de Estado de Hu Jintao inicia-se com a deposição de uma coroa de flores no túmulo de Luís de Camões, no Mosteiro dos Jerónimos.