O coordenador do Bloco de Esquerda, João Semedo, acusou este domingo o ministro da Educação de "seguir o caminho da incompetência, estratagema, truque e do chico esperto" por ter convocado todos os professores para os exames de segunda-feira.
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João Semedo defendeu que um "governo democrático" e "respeitador dos direitos dos trabalhadores e do direito à greve" teria alterado o calendário dos exames, o que permitiria, no seu entender, acabar com "as dúvidas que muitos estudantes têm se terão ou não exame".
"Mas Nuno Crato preferiu seguir o caminho da incompetência, do estratagema, do truque e do chico esperto e criou condições para que, mesmo que a greve seja esmagadora, possa haver exames, contrariando na realidade um direito sagrado para todos os democratas", acentuou.
O coordenador nacional do Bloco discursava na sessão de apresentação da candidatura autárquica do partido à Câmara de Évora, liderada pela jurista Maria Helena Figueiredo, que decorreu ao final da tarde em pleno centro da cidade.
Semedo referiu que "o Governo escolheu a data da greve" ao ter escolhido o mês de junho para "aprovar e determinar medidas gravíssimas" para os professores e para as condições e qualidade do trabalho realizado na escola pública.
"O que está em causa na greve amanhã [segunda-feira], ao contrário do que o Governo diz, não é apenas este ou aquele direito dos professores, é a qualidade e a sobrevivência da escola pública. É por isso que o BE está do lado dos professores", disse.
O líder bloquista assinalou que "não será por acaso que o Governo, aflito, diga agora que está a pensar em alterar o direito à greve em Portugal", alertando que a medida, caso avance, será "uma machadada no regime democrático, nas liberdades e nos direitos que o 25 de Abril trouxe ao país".
"Este ataque confirma o que temos dito - que as políticas de austeridade, estas políticas que violam os direitos há muito tempo alcançados pelos portugueses, esta política de direita, estas políticas sempre a favor dos mais poderosos, não são compatíveis com a democracia", vincou.
"E, mais tarde ou mais cedo, na continuação desta política, a direita e o Governo, inevitavelmente, acabariam por atacar direitos democráticos e é isso que está a acontecer", acrescentou João Semedo.
Na sua intervenção, a candidata do BE à Câmara de Évora, Maria Helena Figueiredo, afirmou que pretende "inverter a situação de falência do município" e que as "causas e algumas das soluções estão identificadas".
"São os contratos desequilibrados, e nalguns casos ruinosos e insustentáveis, como o celebrado com a Águas do Centro Alentejo, que terão de ser renegociados, resolvidos ou denunciados e encontradas as alternativas sustentáveis de gestão", salientou.
A dívida e os juros, continuou, "terão também de ser renegociados, escalonados e reduzidos e alguma da dívida impugnada por inexistente ou ilegítima".