Duras críticas ao bastonário marcaram a discussão do Orçamento para 2010 do Conselho Geral da Ordem dos Advogados com a maioria das intervenções a defenderem a reprovação do documento.
Corpo do artigo
Magalhães e Silva, que correu contra Marinho Pinto na última eleição para a liderança da Ordem, afirmou que, "nos tribunais, os advogados têm vergonha do seu bastonário".
Argumentou que, com a sua proposta de orçamento, António Marinho Pinto quer "estrangular os conselhos distritais pela via orçamental", o que ainda não conseguiu pela via da alteração da alteração dos estatutos.
Magalhães e Silva afirmou que Marinho que tem uma visão "bonapartista" do cargo de bastonário e que, "como um déspota", quer que a organização da Ordem se resuma a, "na base, as delegações e, no topo, o Conselho Geral".
Quanto ao orçamento, defendeu que devia ter sido "consolidado com os conselhos distritais e que não dá uma visão de futuro" do que se pretende para a Ordem dos Advogados.
Luís Filipe Carvalho, tesoureiro do ex-bastonário Rogério Alves, acusou Marinho Pinto "de querer tirar 1,1 milhões de euros dos conselhos distritais para os aplicar em propaganda", referindo-se ao investimento defendido pelo bastonário no Boletim da Ordem.
"O bastonário quer fazer uma cisão entre as delegações e os conselhos distritais, tornando-os inoperantes", numa estratégia de "dividir para reinar", acusou.
Marinho Pinto "não consensualizou, não geriu e não discutiu, por isso estamos a discutir o mesmo orçamento de 2008", afirmou Luís Filipe Carvalho, acrescentando: "Não vejo outra alternativa senão rejeitá-lo".
O presidente do Conselho Superior da Ordem, José António Barreiros, contestou as acusações de Marinho Pinto, segundo as quais é "o líder da oposição interna".
"Coloca-me numa pele que não tenho querido ter", disse, dirigindo-se ao bastonário, acrescentando que a oposição interna "é mais vasta do que isso", numa das intervenções mais aplaudidas da Assembleia Geral que decorre em Lisboa.
O presidente do Conselho Distrital do Porto, Guilherme Figueiredo, frisou que o orçamento proposto por Marinho Pinto "não representa uma convergência da Ordem e é uma manifestação de uma vontade individual e não colectiva".
Guilherme Figueiredo contestou a ideia defendida por Marinho Pinto, de que os conselhos distritais gastam demasiados recursos e questionou o que fez o bastonário para reduzir as despesas do Conselho Geral: "Que eu saiba, nada".
"Estamos em muito mau caminho", disse Guilherme Figueiredo, acusando Marinho Pinto de "total desconhecimento do que se passa" e de "ausência de diálogo".