O primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, anunciou, esta segunda-feira, que os governos de Lisboa e de Maputo já chegaram a acordo sobre a transferência de capital na Hirdoeléctrica de Cahora Bassa, por um valor ainda não divulgado.
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"Foi possível, depois de bastante tempo, chegar a um entendimento quanto à alienação dos 15 por cento que Portugal ainda detinha sobre a Hirdoeléctrica de Cahora Bassa (HCB)", disse Pedro Passos Coelhos aos jornalistas, na capital moçambicana.
O primeiro-ministro falava aos jornalistas após ter colocado uma coroa de flores no monumento aos heróis moçambicanos em Maputo e antes de uma reunião marcada para as 16 horas (15 em Lisboa) com o Presidente Armando Guebuza, na qual o dossiê de Cahora Bassa deverá ficar fechado.
Sem ainda revelar números, o primeiro-ministro português garantiu que o valor do negócio "está confortável para Portugal, na medida em que se situa dentro do valor da avaliação que foi feita com alguma antecedência para estes 15%".
Detalhando a operação, Pedro Passos Coelho disse que vai ser concretizada a transferência, "diretamente, já, de 7,5% para uma empresa moçambicana e outros 7,5%" para a REN "que irá converter essa participação, num futuro de muito curto prazo, numa empresa congénere que vai ser agora constituída".
Essa empresa, acrescentou, "tem justamente por missão estruturar todas as ligações elétricas, em particular um projeto muito importante conhecido em Moçambique como 'espinha dorsal' e no qual a REN será também participante.
A 'espinha dorsal', como é designado o Projeto de Desenvolvimento Regional de Transporte de Energia entre o Centro e o Sul (CESUL), visa escoar, para o sul de Moçambique, energia gerada no vale do Zambeze e estará operacional a partir de 2017.
Orçado em cerca de 2,5 mil milhões de dólares, o CESU integra duas redes de alta tensão entre Tete e Maputo/Matola e tem, entre os candidatos ao seu financiamento a França, Noruega, Banco Mundial, Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), Banco Europeu de Investimentos (BEI), bem como REN e a Electrobras.
Com a venda dos remanescentes 15%, Portugal abandona de vez a HCB, que construiu ainda no período colonial, em 1969.