O primeiro-ministro disse, esta sexta-feira, acreditar no anúncio em breve de "novidades muito positivas" sobre a renegociação das parcerias público-privadas e acerca dos benefícios do setor energético.
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"Estou confiante que em breve teremos novidades muito positivas para o país no que diz respeito por exemplo à renegociação das parcerias público-privadas e aos benefícios existentes no setor energético", afirmou o chefe de executivo, Pedro Passos Coelho, numa intervenção na abertura da conferência "Growth and Competitiveness under Adjustment", que decorre na Fundação Calouste Gulbenkian.
Apontando a democratização da economia como o ponto-chave da "agenda de transformação estrutural da economia", Passos Coelho preconizou a resolução rápida do que ainda resta da criação de "núcleos de privilégio injustificado".
"O que resta e pesa sobre nós das escolhas que no passado foram premiadas, e que criaram núcleos de privilégio injustificado, mercados protegidos, rendas excessivas, contratos desequilibrados para o Estado e para o contribuinte, terá de ser resolvido rápida e decisivamente", sublinhou.
Num discurso em que tentou passar uma imagem de confiança e esperança, o primeiro-ministro voltou a falar de quem diz que o Governo deveria escolher "um caminho mais fácil e que poupasse sacrifícios", insistindo que tal "não é possível" no momento atual.
"Julgo que todos o sabem, mesmo aqueles que mais o reclamam. Além disso, a rapidez do ajustamento traduz-se inegavelmente num ganho a prazo para todos", enfatizou.
Reconhecendo que se poderia adiar "o que não pode nem deve ser adiado", sob pena de se perder uma oportunidade que não se repetirá, o primeiro-ministro defendeu que é preciso criar mais oportunidades e não apenas aproveitar as que existem.
"Precisamos de preparar o futuro e não apenas de viver o presente. Se o presente é tão difícil foi porque não o soubemos preparar", frisou, considerando que a prosperidade do futuro não se compadece com "reformas superficiais" ou mudanças que "deixam tudo na mesma".
"O futuro pode ser melhor do que o passado", acrescentou.
Perante uma plateia de economistas e na presença do ministro das Finanças, Vítor Gaspar, o primeiro-ministro sustentou ainda que o país está numa fase decisiva de execução do programa de ajustamento e que atravessa um "período de enorme exigência", em que os sacrifícios tornaram-se "bem evidentes".
Contudo, acrescentou, começa-se já a assistir às mudanças políticas estruturais que eram necessárias e à redução rápida do défice externo e ao crescimento do sector de bens transacionáveis.
"Sabemos como este especto do nosso ajustamento é condicionado pela evolução da situação externa que nós, evidentemente, não controlamos, pelo que nada damos como adquirido ou definitivo", disse.
Relativamente ao crescimento, o chefe do executivo defendeu que não são as "meras intenções" que o geram, mas sim "as pessoas que fazem o crescimento e criam empregos".
"Por vezes, ao ouvir o debate que se trava em Portugal ficamos com a impressão de que o crescimento económico e do emprego dependem apenas de discursos inflamados, ou de textos escritos num gabinete, ou da formulação de um desejo muito forte de que ele de algum modo apareça. Mas não é assim", referiu.
Repetindo a ideia de que a economia não se move simplesmente porque "os políticos reclamam mais crescimento", caso contrário o país teria "um crescimento fulgurante", Passos Coelho insistiu que o fundamental são as pessoas.
"São as pessoas concretas, com as suas escolhas e com os seus projetos, que dinamizam a economia, fazem-na crescer e criam emprego", defendeu, preconizando que "são políticas de crescimento as que expandem o campo de ação económica de todos e de cada um".