PCP avisa que serão ilegítimos compromissos com vigência para além das eleições
O secretário-geral do PCP advertiu, esta quarta-feira, que será "profundamente ilegítimo" se o Governo negociar compromissos para compensar a ajuda externa que condicionem o país num período pós eleitoral, porque os portugueses vão votar a 5 de Junho.
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Jerónimo de Sousa falava aos jornalistas depois de um curto encontro de 12 minutos com o primeiro-ministro, José Sócrates, em São Bento, sobre o processo negocial a seguir pelo Governo com o Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF) e com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
De acordo com o líder dos comunistas, nas negociações com estas entidades internacionais, "será profundamente ilegítimo se o Governo assumir compromissos mais ou menos duradouros à revelia do povo português".
"O povo português vai ser consultado a 5 de Junho e seria sempre à sua revelia que tais medidas pudessem ser prolongadas no tempo. Quer se queira quer não, a soberania não reside no FMI, mas continua a residir no povo português", acentuou.
No breve encontro que teve com o primeiro-ministro, o secretário-geral do PCP disse ter comunicado a recusa do seu partido "ao pacto de submissão, num processo em que cada vez mais se verifica o saque a este país".
"Ainda hoje os tais mercados, que não acalmam, aumentaram as taças de juro para valores insuportáveis, numa demonstração clara que não é esta negociação que resolve o problema da extorsão a que o país está sujeito. Não estamos perante uma ajuda, mas perante uma intervenção externa. Não se dá a um náufrago com sede água salgada -- é isto que está em causa na dita negociação", sustentou Jerónimo de Sousa.
O líder do PCP disse depois que o seu partido apresentará alternativas para resolver a actual situação económica e financeira do país, designadamente através do reforço da produção nacional, renegociação das parcerias público-privadas e diversificação das fontes de financiamento.
"Há um outro rumo, que não o de pedir dinheiro emprestado em condições leoninas. É uma ruptura com este caminho para o desastre", acrescentou.